Sim! Tal serás um dia, ó deusa da beleza,
Após a bênção derradeira,
Quando, sob a erva e as florações da natureza,
Tornares afinal à poeira.
Baudelaire
Taça Jules Rimet.
Jules Rimet (1873-1956) foi presidente da Federação Francesa de Futebol, de 1919 a 1945 e da FIFA, de 1921 a 1954.
Durante o Congresso da FIFA, 28 de maio de 1928, época dos Jogos Olímpicos de Amsterdã, por proposta do Comitê Executivo daquele órgão ficou decidido levar a efeito um campeonato mundial de futebol. Apareceram, então, seis países candidatos a realizar o primeiro certame: Hungria, Itália, Holanda, Espanha, Suécia e Uruguai.
No Congresso de Barcelona, em 1929, a FIFA fixou o ano seguinte para a disputa da Primeira Copa do Mundo, escolhendo o Uruguai como sede da referida disputa.
A escolha fundamentou-se em três motivos: prestígio do futebol uruguaio como campeão olímpico em 1924 e 1927; o Uruguai comemoraria em 1930 o centenário de sua independência, além da Associação Uruguai de Futebol oferecer vantagens financeiras aos participantes.
Decidida a promoção do mundial, Jules Rimet, ainda em 1929, idealizou - o que foi uma das últimas providências para concretização do seu sonho - confecção de uma bela taça.
A obra foi executada pelo artesão Abel Lafleur, em Paris, que depois, por decisão do Congresso da FIFA, realizado em Luxemburgo (01.07.1946) levaria o nome de Jules Rimet.
O rico troféu representava uma Vitória alada, levando em suas mãos, levantadas sobre a cabeça, um vaso octogonal em forma de copa.
Era de ouro puro com um quilo e oitocentos gramas e seu peso total correspondia a quatro quilos, com trinta centímetros de altura, incluindo a base de mármore em que se apoiava.
Ao pé desta, em placas especiais, passaram a figurar o nome gravado dos vencedores dos mundiais realizados até 1970. Os nomes são: 1930 (Uruguai), 1934 (Itália), 1938 (Itália), 1959 (Uruguai),
1954 (Alemanha), 1958 (BRASIL),
Nomes do elenco completo
Vicente Feola (Técnico); Hilton Gosling (médico); Mario Américo (massagista); Assis(roupeiro); Paulo Amral (Preparador físico) ; Jogadores : De Sordi; Djalma Santos; Nilton Santos. Castilho; Bellini; Oreco; Orlando; Zózimo; Zito; Mauro Ramos; Gylmar; Dino Sani; Joel; Garrincha; Didi. Pelé; Vavá; Zagallo; Dida; Mazolla; Pepe e Moacir.
Bellini
O gesto do campeão Bellini
"Ao subir no pódio com a pequena Jules Rimet bem presa nas minhas mãos, eu lembrava os homens que batalharam por ela sem sucesso desde 1030 [...] , A Jules Rimet que levantei tinha dezenas de tonelada. Talvez por isso, eu só conseguisse erguer com as duas mãos, esticando os dois braços".
Em 1958, Bellini - capitão da seleção - inaugurava o gesto de erguer a taça da Copa do Mundo com as duas mãos.
1962 (BRASIL),
Nomes do elenco completo de 1962:
Paulo Macha do de Carvalho; Adolfo Marques; Carlos Nascimento; José de Almeida; Ronaldo Vaz Moreira (dirigente); Aymoré Moreira (técnico); Paulo Amaral (preparador físico); Mario Américo (massagista); Mario Trigo (dentista); Assis (roupeiro); Aristides (sapateiro); Jair da Costa; Djalma Santos; Didi; Mengálvio; Castilho; Pepe; Zózimo; Zito; Gylmar; Zequinha; Mauro; Amarildo; Zagallo; Nilton Santos; Váva; Pelé; Jair Marinho; Jurandyr; Altair; Garrincha e Coutinho.
1966 Inglaterra),
1970 (BRASIL).
Nomes do elenco completo:
Em pé da esquerda para a direita: Rogério;Cláudio Coutinho (preparador físico); Carlos Alberto Parreira (preparador físico); Félix; Joel Camargo; Leão; Fontana; Brito; Clodoaldo; Zagallo(treinador); e Admildo Chirol (preparador físico); Ajoelhados ao centro: Rivelino; Carlos Alberto Torres; Baldochi; Wilson Piazza; Everaldo; Paulo César Lima; Tostão; Marco Antonio e Aldo. Sentados: Mário Américo(massagista); Edu; Zé Maria; Dario; Gérson; Roberto Miranda; Jairzinho; Pelé e Noucate Jack (massagista).
O Brasil ficou de posse definitiva da taça Jules Rimet por ter conquistado seu tri-campeonato no México na cidade de Guadalajara.
A trajetória do troféu
A taça Jules Rimet ficou pronta em abril de 1939, antes da primeira copa do mundo, e os gastos totais atingiram 50 mil francos, uma fortuna para a época.
O belo troféu, que havia sido mantido escondido na Segunda Grande Guerra Mundial pelo desportista italiano Otorino Barassi, foi roubado na Inglaterra, em 1966, mas logo recuperado.
O ladrão foi preso, mas não revelou onde estava o troféu, que acabou sendo encontrado de um jeito realmente inusitado. David Corbette passeava com seu cachorrinho Pikles, quando este farejou algo em uma praça no sul de Londres.
Era a taça O cachorro foi premiado com um suprimento vitalício de ração.
Aqui no Brasil, de acordo com o trecho abaixo retirado de [ www.redevita.com.br] o fato da taça desaparecer era somente uma questão de tempo, como se pode inferir, pelo relato de um episódio envolvendo o médico da seleção e a forma como a segurança da taça era realizada.
"Nas duas primeiras edições da Copa do Mundo, em 1930 e 1934, não havia médico na equipe técnica da Seleção. Esse profissional só foi incluído a partir de 1938, com os médicos José Maria Castelo Branco e Álvaro Lopes Cançado, o "Nariz".
Mas o primeiro médico a ter uma atuação crucial no torneio foi Hilton Gosling, que acompanhou a seleção campeã de 1958.
Quando foi chamado para ser o médico da seleção de 1958, Gosling era professor assistente na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, e colocou toda a equipe médica para fazer o diagnóstico e tratamento dos atletas.
Gosling convocou também o psicólogo João Carvalhaes e o dentista Mário Trigo para acompanharem a seleção. Os problemas odontológicos, aliás, eram vários e graves.
Trigo e sua equipe fizeram dezenas de extrações e obturações; muitos jogadores, inclusive Pelé, estavam ameaçados de não participar do torneio devido a problemas dentários, que ele resolveu.
O irmão Hélcio Gosling conta que, ao retornar da Copa de 1962, Hilton fez uma "travessura": trouxe a taça Jules Rimet para sua casa, para mostrar para a família e amigos. "Estávamos admirando o troféu quando, a certa altura, ligou o João Havelange, presidente da CBF, e perguntou 'Hilton, você sabe onde está a Taça?', ele respondeu 'Está aqui!', e foi devolver o troféu", conta Hélcio.
Da segunda vez o troféu não teve tanta sorte foi roubado em 1983, da sede da CBF no Rio de Janeiro. A sede foi invadida durante a noite, e a taça, levada embora. Inexplicavelmente, dentro do cofre da entidade estava uma réplica da Jules Rimet.
O roubo foi planejado por Sérgio Pereira Ayres e executado por Francisco José Rocha Rivera, o “Barbudo”, e José Luiz Vieira da Silva, o “Bigode”. Diz-se que a taça foi derretida pelo comerciante Juan Carlos Hernandez.
Os ladrões ,foram presos, mas o troféu já havia sido derretido.
E para decepção dos desportistas brasileiros, a imprensa anunciou no dia 28 de janeiro de 1984 que a taça Jules Rimet havia sido derretida no dia seguinte ao roubo, juntamente com outros troféus ganhos pelo futebol brasileiro.
Em 1986, a Kodak doou uma réplica para a CBF.
Da conquista mesmo sobrou a réplica que o Pelé ganhou da Fifa em 1970.
Com a conquista em definitivo da Taça Jules Rimet pelo Brasil, foi instituído um novo troféu para o mundial de 74. O Comitê Executivo da FIFA, reunido na cidade de Atenas, janeiro de 1971, deliberou a confecção de uma nova taça, com a denominação de Copa Mundial da FIFA.
Após uma comissão especial examinar projetos apresentados por 53 empresas européias de sete países, decidiu pelo projeto da Companhia Bertoni de Milão.
O autor do projeto vitorioso foi o milanês Silvio Gazzaniga, chefe da firma Bertoni, e com passagem pela Escola Superior de Artes de Milão.
A Copa Mundial simboliza a força e a pureza das disputas esportivas mundiais, representadas por
dois atletas segurando o globo terrestre.
É de ouro maciço 18 quilates, pesando cinco quilos e medindo 49 centímetros de altura, incluindo a sua base.
Nesta base existe espaço para registro de 18 vencedores de Copas, a contar de 1974 (Alemanha) o primeiro campeão da nova taça.
Em 71, o custo do novo troféu foi de 20 mil dólares. Ao contrário da taça Jures Rimet, a Copa Mundial não ficará em definitivo, em poder de nenhum país.
O vencedor de cada mundial manterá a posse da original por quatro anos. Depois disso, receberá uma réplica, apenas banhada em ouro, que reterá definitivamente. (Fonte: Museu dos Esportes: História das Copas do Mundo de Futebol)
O futebol continua lindo, dentro de campo, e arrasta multidões pelo mundo, não obstante, transformou-se em um mega - negócio, deixando para trás os tempos românticos e menos capitalista
que de acordo com um trecho escrito no livro (Brasil um século de Futebol, pág 174) diz, [...] Havelange teve adversários ferrenhos em seus 8526 dias como presidente da Fifa. Adversários políticos, esportivos, pessoais, interessados em desbancá-lo, ou idealistas esperançosos que o futebol voltasse a ser o que nunca mais seria: mais jogo do que négocio, mais amor que cobiça, mais alegria que tensão, mais prazer que dever, como nas peladas de antigamente.
Um desses idealistas, o uruguaio Eduardo Galeano, convencia-se que o reinado do super-empresário
Havelange roubara muito da pureza do jogo.
"A historia do futebol é uma triste viagem do prazer ao dever. Ao mesmo tempo em que o esporte se torna indústria, foi desterrando a beleza que nasce da alegria de jogar pelo prazer de jogar. Neste mundo de fim de século [1995], o futebol profissional condena o que é inútil, e é inútil o que não é rentável.
Ninguém ganha nada com essa loucura que faz com que o homem seja menino por um momento...".
Em vista disso, non sine aliquo metus escribo, quem já se empolgou com o trecho da marchinha que dizia:
" A taça do mundo é nossa, com o brasileiro não há quem possa,
Eh ,Eh, esquadrão de ouro é bom no samba é bom no couro..."
naturalmente, também sente saudades, ai de mim !....
Sou como um rei sombrio de um país chuvoso,
Rico, mas incapaz, moço e no entanto idoso,
Que, desprezando do vassalo a cortesia,
Entre seus cães e outros bichos se entedia.
Nada o pode alegrar, nem caça, nem falcão,
Nem seu povo a morrer defronte do balcão.
Do jogral favorito a estrofe irreverente
Não mais desfranze o cenho deste cruel doente.
Em tumba se transforma o seu florido leito,
E as aias, que acham todo príncipe perfeito,
Não sabem mais que traje erótico vestir
Para fazer este esqueleto enfim sorrir.
O sábio que ouro lhe fabrica desconhece
Como extirpar-lhe ao ser a parte que apodrece,
E nem nos tais banhos de sangue dos romanos,
De que se lembram na velhice os soberanos,
Pôde dar vida a esta carcaça, onde, em filetes,
Em vez de sangue flui a verde água do Lestes.
( SPLEEN – Charles Baudelaire)
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