segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Catuaba afrodisíaco Brasileiro

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Trichilia catigua (catuaba)

Em todo mundo, estima-se que existam aproximadamente 250 mil espécies de plantas. Apesar disto, somente 10% de toda flora mundial foram avaliadas cientificamente.
Neste contexto, pode-se considerar a flora brasileira como uma das mais ricas fontes de novos produtos farmacêuticos, cosméticos e nutracêuticos, explicada pelo fato do Brasil ser um país que possui a maior biodiversidade do planeta (Brandão e Zanetti, 2008), detendo aproximadamente um terço da flora mundial (Yunes, Pedrosa e Filho, 2001).
Os medicamentos assim produzidos são denominados de fitoterápicos, e segundo a Organização Mundial de Saúde (World Health Organization, WHO, 2005) fitoterápicos são definidos como medicamentos derivados ou preparados a partir de plantas com fins terapêuticos que trazem algum benefício para a saúde humana. São materiais que contêm ou não ingredientes processados, podendo ser de uma ou mais espécies.
Estes medicamentos são caracterizados pelo conhecimento da sua eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade.
Sua eficácia e segurança são validadas através de levantamentos das possibilidades e hipóteses referentes aos conhecimentos tradicionais de utilização, documentações em publicações ou ensaios clínicos (Brasil, 2004).
Dentre o rol dos fitoterápicos, vou colocar em destaque a Trichilia catigua, mais popularmente conhecida como (catuaba), usando para este fim as informações contidas em vários trabalhos acadêmicos que mencionarei ao final.
No Brasil a catuaba tem sido tradicionalmente usada como um estimulante do sistema nervoso central com propriedades “afrodisíacas”.
Reforçando o texto acima traduzo de forma livre o trecho abaixo:
Trichilia catigua A. Juss. (Meliaceae), commonly known as “catuaba”, is a plant native to South and Central America and widely distributed in Brazil. However, the identity of the plant source is often uncertain, and stem barks from several different species of Erythroxylum or Anemopaegma, all regionally known as “catuaba”, are sold commercially. Marques described the differences among the species known as “catuaba” and determined that T. catigua is the main species that is sold as “catuaba” in Brazil. The same conclusion was reached by Kletter et al. and Daolio et al. The bark of T. catigua has been traditionally used as a health and mental tonic, and especially as a sexual stimulant.
Some pharmacological studies of this bark have reported antimicrobial, trypanocidal, antinociceptive, vasorelaxant or dopamine-mediated antidepressantlike effects.
Trichilia catigua A. Juss. (Meliaceae), comumente conhecida como “catuaba”, é uma planta nativa do Sul e América Central e largamente distribuída no Brasil. Entretanto, a fonte da identidade da planta é freqüentemente incerta e tem origem em diferentes espécies de Erythroxylum ou Anemopaegma, todas regionalmente conhecidas como catuaba, são vendidas comercialmente. Marques descreve as diferenças entre as espécies conhecidas como catuaba e determina que que T. Catigua é a principal espécie que é vendida no Brasil. A mesma conclusão encontrada por Kletter et al. and Daolio et al.

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A casca da T. catigua tem sido tradicionalmente usada como “fortificante” e um tônico mental e especialmente como um estimulante sexual.
Alguns estudos farmacológicos de sua casca têm reportado efeitos antimicrobióticos, trypanocidal, antinociceptive, vasorelaxante ou dopamine-mediated antidepressantlike.
O mesmo tipo de informação também é fornecido por (Zanolari et al., 2005)

Uma a três xícaras de chá da raíz deve ser consumida diariamente contra impotência sexual, fraqueza, agitação, nervosismo, neurastenia, memória fraca, esquecimento e insônia.
As suas raízes normalmente são empregadas na forma de chá, mas também é possível encontrar o produto sob a forma de tinturas e cápsulas do vegetal moído.


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Em minha pesquisa por material, encontrei a tese de doutorado do Dr° Arthur José da Silva intitulada : Estudo Botânico e Chimico da catuaba (Erythroxycelacae Catuaba do Norte) elaborada na faculdade de Medicina da Bahia em 1904, da qual insiro o seguinte trecho(com a grafia original) e que traz várias informações interessantes às quais recomendo a leitura.
“Emfim a nossa planta não faz milagres, que essa virtude não apregoamos aqui, mas dentro dos limites do possível, é ella um medicamento de primeira ordem, e isso se encarregarão de verificar os que tiverem occasião de emprega-la, ou dela usar. Das tentativas escrupulosas e do emprego por imitação de outros vegetaes semelhantes, conseguimos resultados satisfactoríos, como se verá das observações que adiante apresentamos.
A catuaba tem applicação, nas diversas formas pharmaceuticas, já mencionadas, como um estimulante poderoso, um restaurador das forças nervosas, um tonico nevrosthenico, nas diversas formas da neurasthenia, e sobretudo na convalecência de moléstias graves, como tivemos occasiáo de observar. O abalisado pharmaceutico Freire Aguiar diz em sua noticia sobre o elixir que de catuaba prepara, que esta se emprega como Tonico excitante das forças abatidas, e nos mesmos casos em que se dá a marapuana, sendo sua acção duradoura sem o menor perigo para o organismo. Ainda a recommenda, associada à marapuama, para o tratamento da asthenia digestiva e circulatória, contra menstruações difíceis, principalmente na amenorhéa, e contra a fraqueza dos orgões sexuaes, superior à damiana (Toumera aphrodisiaca), restabelecendo as forças genésicas dos indivíduos enfraquecidos por excesso, ou mesmo por velhice prematura, sem trazer lesão para o órgão sobre que actua, o que não succede com os outros medicamentos destinados ao mesmo fim.
Quanto a esta última applicação, não tendo nós feito experiências com o principio activo da planta, nada podemos affirmar positivamente; presumidos, entretanto, de nossas applicações, que sua acção tonificante geral do systema nervoso, pode exercer de algum modo indirectamente uma influencia estimulante dos órgãos genitaes, não se tratando de uma acção especifica, congestionante, como aconteça com a yohimbina, recentemente estudada por Spiegel”..

Na procura por algumas definições e informações encontrei o trabalho Natural aphrodisiacs,Studies of commercially available herbal recipes, and phytochemical investigaation of Erythroxylum vacciniifolium Mart.(Erythroxylaceae) from Brazil de Bori Zanolari de onde obtive informações ais quais traduzi, começo com: Oxford English Dictionary define um afrodisiáco como: "Uma droga ou preparação indutora de excitação do desejo sexual".
Em seguida encontrei o seguinte texto referente aos afrodisíacos:
O desejo venéreo é frequentemente descrito como apetite sexual e pode ser entendido como uma excitação para a estimulação sexual. Entretanto, o aumento do apetite não é essencialmente associado com um equivalente aumento da capacidade para satisfazer este desejo sexual.
Os afrodisíacos podem ser classificados de acordo aos seus modos de ação em duas categorias.
O primeiro tipo de afrodisíaco ativa especificamente no aumento da libido (ex: desejo sexual). E a segunda categoria de afrodisíaco tem como ação incrementar a capcidade para aproveitar a atividade sexual(ex: aumentar a potência).
Na teoria um afrodisíaco é estritamente um agente que potencializa ou aumenta o desejo sexual, mas na prática qualquer coisa que incrementa a capacidade para apreciar a atividade sexual tenderá á aumentar o desejo e a libido e poderá ser considerado como um afrodisíaco.
Parece, não existir limites para a credibilidade do homem em sua busca aos afrodisíacos e isto tem possibilitado a compilação de um catálogo acima de 500 animais, vegetais e substâncias minerais que tem sido em alguma ocasião evocado por suas propriedades afrodisíacas (Taberner, 1985b).
    Tradução e inserção de imagens são minhas.
Como tudo tem seu início, segui anotando e traduzindo do trabalho usado como referência o item os Afrodisíacos na História e as antigas tradições.
No mesmo texto das informações acima encontrei que os primeiros relatórios discutindo sobre desordens sexuais patológicas datam de 3000 á 4000 anos atrás quando as informações médicas eram passadas de uma geração para a próxima através de poemas orais entre as populações Hindus. (Hermam,1968)
Estes poemas foram finalmente escritos ao redor de 2000 á 1000 AC e um
                                
 deles conhecido como (Samhita of Sushruta) Sushruta foi um cirurgião e professor de Aiurveda que floresceu na cidade indiana de Benares (Kashi) no século VI a.C..(fonte Wiki), já relatava possuir substâncias para melhorar a experiência sexual (Sandroni, 2001).  As tradições escritas preservadas em culturas particulares e ocasionalmente passadas para outras culturas por intermédio das relações de comércio ou de outras formas, são as fontes de nossos conhecimentos sobre os afrodisíacos.
A difusão desses conhecimentos dos Egípcios para os Árabes e Gregos, e depois para os Romanos foi parcialmente interrompido durante a idade média pois, eram consideradas heréticas.
Durante a Renascença essas perseguições cessaram e a intensificação das viagens e explorações introduziram novos conhecimentos na Europa, notadamente vindos da China, Ìndia e do Novo Mundo vale notar, que aspectos comuns frequentemente tem surgido entre diferent5es culturas e grupos étnicos no uso de plantas afrodisíacas  por isso, a aplicação desse conhecimento tem sempre tido um grande componente de magia (Taberner, 1985a)  Tradução e inserção de imagens são minhas.
A tradição Hindú
 Entre os inúmeros trabalhos na literatura sânscrita clássica sobre o assunto amor figura entre os mais famosos o "Anunga Runga" ou  o estágio do amor também chamado Kameledhiplava ou ainda "um barco em um oceano de amor", escrito pelo poeta Kullianmull no século XV, e faz parte do Kama Sutra composto por Vatsyayana em um período entre o primeiro e o sexto século da Era Cristã. 
O Kama Sutra é ainda celebrado e traduções do livro são lidas amplamente por todo o mundo. No KAma Sutra há um curto cápitulo no qual explica o método para "atracting others to oneself" incluindo rituais mágicos, remédios naturais de diferentes potências e também recomendações genéricas(Vatsyayana, et al 2000).
Algumas plantas locais e animais usados como ingredientes para as receitas, ainda não possuem identificação devido aos indecifráveis nomes em sânscrito, incrementando assim, os mistérios relacionados aos afrodisíacos Hindus.
Muitos dos métodos relatados no Kama Sutra para aumentar o vigor sexual no homem incluem mel e leite. Estes produtos são sempre reconhecidos como alimentos capazes de fornecer resistência e energia, como já havia sido descrito por escritores Gregos e Romanos.
Estes são  os dois principais ingredientes empregados como fonte de energia utilizada nas atividades físicas, eles  são frequentemente combinados com orgãos reprodutors de animais (ex: testículos, etc..)considerados na organoterapia como base da potência sexual. Muitas outra receitas são descritas no Kama Sutra mas, os ingredientes não parecem ter nada mais do que um efeito psicológico sobre o desejo sexual. O uso de comiada com substâncaias altamente nutritiavas (manteiga, leite, ovos e mel) nessas receitas podem ter uma explicação na alimentação. Pois, em uma sociedade onde a dieta normal possuia deficiências em proteinas e vitaminas essenciais, a adição de suplementos altamente nutritivos poderiam aumentar o vigor fíico e tratar a perda do apetite sexual ocasionada por uma dieta deficiente.
Estes pseudos afrodisíacos não trazem benefícios para os indivíduos com dietas equilibradas e em algumas vezes excessos no uso pode acarretar danos.
Mais diretamente, são descritos em partes do 17° capitulo do Kama Sutra estimulantes de ação sexual, que são dedicados as chamadas "práticas ocultas" (Aupanishadika).
Os componentes destas misturas estimulantes envolve principios usados como afrodisíacos por outras culturas. Uma mistura em forma de pó com sementes de thorn - apple(Datura stramonium L. Solanaceae)

                                       Resultado de imagem para pdf - thorn apple
                                                Thorn apple
pimenta preta (Piper nigrum L.Piperaceae). pimenta longa (Piper Longum L. Piperaceae) e mel, aplicados sobre o pênis antes do coito, tem a reputação de fazer uma mulher sujeitar-se aos desejos de um homem. 
Os quatro principíos possuem especifícas funções na mistura afrodisíaca, a qual tem uma base racional para a sua ação. 
As sementes de Thorn apple contém atropina e escalopamina, os quais são potentes alcalóides tropânicos que induzem à uma inicial excitação seguida por sedação e alucinações. 
Estes dois componentes são absorvidos através das membranas das mucosas tanto do  pênis quanto da vagina e atua no sistema nervoso central, produzindo efeitos no comportamento de ambos os parceiros ( Hostettmann, 2000). Tradução e inserção de imagens são minhas.
As pimentas possuem uma ação anti-irritação ou uma ação de irrigação, aumentando o fluxo de sangue ao redor da área de aplicação.
No homem, essa inflamação local ajuda no desenvolvimento e manutenção de uma ereção, enquanto na mulher, a irritação do clitóris aumenta o desejo sexual.
Outra planta de função irrigadora o gengibre (Zingiber officinale) é descrito no Kama Sutra e empregado pelo homem para aumentar a potẽncia. O mel é usado para facilitar a aplicação da mistura e como uu lubrificante eficaz.
Durante a Idade Média, outra plantas da familia Solanaceae como a 


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Atropa belladonna L. Hyoscyamus niger L e a Mandragora officiarum L 

                                  
                                
                                         Resultado de imagem para Mandragora officinarum L     eram usadas na Europa para os mesmos efeitos alucinógenos da Thorn apple.

A Mandragora era considerada um potente afrodisíaco e uma planta mágica ao mesmo tempo, sua parte ativa era a raiz, á qual podia ter a semelhança

                                       

com a figura de um homem (quanto mais próxima a semelhança, mais poderosa a raiz).

A raiz era um ingrediente de alto custo nas porções mágiacas, pois, sua colheita configurava-se como um processo perigoso. Isto porque, ao puxar a planta do solo supunha-se que ela emitia um alto assustador som que era instantâneamente fatal para qualque um que ouvisse. Para não correr este perigo, os coletores de mandragora amarravam um cachorro na planta e
                                        

 depois retirando-se à uma distância segura, podiam chamar o animal.
Bruxas medievais usavam Mandragora para seus prazeres.
Elas aplicava uma pasta dessa planta para humidecer as menbranas da vagina usando cabos de vassoura como aplicador.
                                        Resultado de imagem para witches and broomsticks
Essa pasta é o que permitia as bruxas voarem sobre os cabos das vassouras para seus Sabbaths (Hostettmann. 2000) Tradução e inserção de imagens são minhas. 

Como é possivel notar o tema dos afrosisíacos é fascinante e divertido, além de nos proporcionar uma navegação pelas culturas e história do homem através dos séculos em busca do prazer e da potência sexual, portanto somente abordei uma pequena parte do tema.
Dá-lhe Catuaba!!!!!
                  

                             

                                          
           

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