domingo, 4 de agosto de 2013

As ondas Eletromagnéticas no Brasil

                                                          


Uma pequena introdução para contextualizar, o que quero abordar, que é, o advento das comunicações via ondas eletromagnéticas, e o papel preponderante de um brasileiro, nesta modalidade, e a maneira desleixada que ele é tratado, pelos historiadores, educadores e autoridades do Brasil, e qual a razão deste desabafo?.

 É, porque lendo os materiais que acesso na internet, e nos livros que tratam sobre o assunto de maneira técnica, que normalmente leio, por força de estudos sobre a matéria, e não encontro a mais simples menção sobre os trabalhos da pessoa à qual posteriormente vou mencionar.
E, salvo engano meu, o empenho mais acentuado para diminuir essa lacuna, ocorre na sua região de nascimento, onde pelo que entendi, pessoas labutam, para que, um dos precursores do fenômeno da comunicação via ondas eletromagnéticas, ou seja, (televisão, celulares, radio, fibra ótica, etc...),vejam a ironia, seja conhecido, isto lembra-me, o caso da jabuticaba,
( só ocorre no Brasil), e quero deixar claro, adoro a fruta, mas lamento o fato em questão.

 “A idade da rádio comunicação começou em 1850 com o desenvolvimento da
                                           
                                                 James Clark Maxwell

teoria das ondas eletromagnéticas que, James Clark Maxwell previu a existência, e estas ondas eletromagnéticas com varias freqüências propagariam-se com a velocidade da luz e também concluiu que a própria luz era uma onda eletromagnética.


 Em 1884 Henrich Rudolf Hertz formulou as equações de Maxwell.
                                       
                                                       Henrich Rudolf Hertz

Então entre 1885 e 1888, em uma série de experimentos, Hertz  demonstrou
                   
                                          Os dispositivos experimentais

 que uma rápida oscilação da corrente elétrica poderia ser lançada no espaço como uma onda eletromagnética e detectada, isto é, poderia ser emitida e recebida. Para gerar e transmitir as ondas de rádio Hertz usou uma bobina induzida por alta voltagem, um capacitor, duas barras de pequeno diâmetro paralelas, e nas pontas foram fixadas duas esferas para a produção de centelhas no espaço formado entre as barras.
Este dispositivo criava, uma descarga ( centelhameto), oscilatório, com as esferas carregando e descarregando, com a oposição de polaridade entre as cargas induzidas nas esferas.

 Para detectar a radiação eletromagnética, Hertz usou um fio de cobre curvado de forma esférica, com uma pequena esfera de latão conectada de um lado, enquanto do outro lado do fio que apontava para a esfera tinha um mecanismo regulado por um parafuso que permitia que a distância entre a ponta pudesse ser ajustada, para maior, ou menor distância da esfera.

A presença de uma carga oscilante no dispositivo que vamos chamar de , “antena” , causava faíscas, através do pequeno espaço entre a ponta e a esfera.



Hertz também demonstrou, que as ondas de rádio tinha todas as bem conhecidas propriedades das ondas de luz – reflexão, reflação, interferência e polarização. E foi dito que, em resposta a questões dos estudantes que testemunharam a demostração da experiência na sala de aula da geração e recepção das ondas eletromagnéticas, que Hertz disse que ele não via um uso prático para as ondas eletromagnéticas.”
                        
                                             Desdobramentos  

 No final do século XIX as telecomunicações, por meio de ondas eletromagnéticas, começavam a modificar as dimensões do mundo.

Em setembro de 1895, Guglielmo Marconi efetuou sua primeira transmissão de rádio.
                                               A notícia

Um pouco antes, em 1893, o Padre Landell de Moura concluiu o projeto do transmissor de ondas, fazendo a primeira transmissão pública de rádio do mundo. Sua voz emitida num aparelho na Avenida Paulista, em São Paulo, atravessou oito quilômetros e foi ouvida, com clareza, num receptor no alto de Santana. Marconi só faria o seu aparelho dois anos mais tarde. [TRINDADE e TRINDADE (2002) ]
                                              
                                              O autor do feito
                                  
                                          Padre Landell De Moura

                                         PADRE LANDELL DE MOURA
 
Roberto Landell de Moura nasceu na cidade de Porto Alegre (RS), no dia 21 de janeiro de 1861. Filho de Inácio José Ferreira de Moura e Sara Mariana Landell de Moura, ambos de tradicionais famílias do Rio Grande do Sul, de descendência inglesa, é o quarto de quatorze irmãos (SANTOS, 2001, p. 30

Um pouco mais sobre Landell de Moura
Procurando provar que Landell de Moura realmente é o precursor da
radiofonia, FORNARI (1984, p. 11) expõe que ele “transmitia sons em 1893; Marconi começou a transmitir apenas sinais em 1894; Landell fez suas primeiras transmissões a uma distância de oito quilômetros emissor receptor; Marconi transmitiu sinais fracos a uma distância de cem metros”.

No que se refere às experiências de Landell de Moura, ALMEIDA (1983, p.25), afirma que “ainda no ano de 1900, na presença do cônsul britânico e de outras pessoas, Padre Landell realizou experiências de telegrafia e telefonia sem fio”. Tal fato aconteceu no dia três de junho e foi registrado, no dia dez do mesmo mês, pelo Jornal do Comércio, da cidade do Rio de Janeiro, complementa.

Na mesma direção aponta Fornari (1984, p. 34-35):

Ora, sabe-se que foi somente em 1895, com idade de 21 anos apenas, que Marconi fez a primeira dissertação sobre telegrafia sem fio. Sabe-se que o ainda quase adolescente físico italiano patenteou sua descoberta logo no ano seguinte, a 12 de setembro de 1896, na Inglaterra, para onde, como já foi dito, tão inteligentemente se transferira. (...) Isto esclarecido, saiba-se agora que as primeiras experiências de transmissão e recepção sem fio, efetuadas com pleno êxito pelo nosso patrício Padre Roberto Landell de Moura (...) tiveram lugar entre os anos de 1893 e 1894. Saiba-se mais que seus inventos só foram patenteados, um em 1900 e outros mais tarde – o que lhe tirou a prioridade científico-oficial.


MARTINS (2002) lembra que “a paixão pela física o tornou pioneiro na
descoberta do telégrafo sem fio, do telefone sem fio e da radiodifusão e precursor do
desenvolvimento das fibras óticas”




                  Ex ignorantia ad sapientiam et tenebris ad lucem
De acordo com TRINDADE e TRINDADE (2002):

As dificuldades eram muitas e para aumentá-las repercutia na cidade que o padre falava com outras pessoas através de uma máquina infernal, tendo parte com o diabo.
Alguns “fiéis” desvairados invadiram seu modesto, mas precioso laboratório, e destruíram todos os seus aparelhos e ferramentas. Após esse evento, juntou suas parcas economias e foi para os Estados Unidos onde foi bem recebido pela comunidade científica e conseguiu, após reconstruir seus aparelhos com muita dificuldade (principalmente financeira), patentear três
inventos.

Ainda referindo-se as dificuldades enfrentadas pelo Padre Landell de Moura,
RAPHANELLY (2005) expõe que:

falando ao jornalista do ‘New York Herald’ em dezembro de 1902, que o apresentava como inventor do telefone sem fio, Landell discorreu sobre as resistências enfrentadas no Brasil por parte de uma ‘multidão supersticiosa’ e dos ‘amigos de educação e inteligência, dentro ou fora das ordens santas’ que reputavam suas teorias como contrárias à ciência, ao mesmo tempo que diabolizavam seus inventos.
                              
                                  O telefone nos dias atuais

 Dados retirados de wikipedia.org/wiki/Telefone_celular

Segundo a União Internacional das Telecomunicações, o Brasil é sexto maior mercado do mundo em telefonia celular e atualmente, são 202,94 milhões de aparelhos em uso no Brasil (veja tabela abaixo),sendo assim o quarto país que mais utiliza telefones celulares no mundo( perde apenas para China, Índia e Estados Unidos).
      
                        
Ano De janeiro a fevereiro De janeiro a dezembro
2000 1.038.143 8.155.473
2001 804.764 5.557.598
2002 476.546 6.135.195
2003 767.977 11.492.302
2004 1.492.327 19.232.311
2005 1.807.453 20.604.759
2006 1.854.982 13.708.285
2007 1.268.088 21.061.482
2008 3.142.376 29.661.300
2009 1.723.583 23.317.965
2010 - 28.984.665
2012 247.000.000

Portanto para encerrar esse  paragráfo       
 Tempus omnia revelat. [Menandro / Erasmo, Adagia 2.4.17]                         

                 
          Suas invenções e patentes 

Os documentos foram obtidos em:   www.memoriallandelldemoura.com.br/landell_patentes.html
De acordo com SANTOS (2001, p. 31), referindo-se às patentes obtidas pelo Padre Landell de Moura: No período em que esteve nos Estados Unidos, obteve três patentes: “Transmissor de Ondas”

                                        

       precursor do rádio, em 11 de outubro de 1904, patente nº. 771.917;


             “Telefone sem fio”  e “Telégrafo sem fio”,


    http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8e/Patente_Telefone_Sem_Fio.jpg
       
 em 22 de novembro de 1904, patentes de nº. 775.337 e 775.846. Nas patentes agrega vários avanços técnicos, como transmissão por ondas contínuas por meio da luz, princípio da fibra óptica e por ondas curtas; além da válvula de três eletrodos, peça fundamental no desenvolvimento da radiodifusão e para enviar mensagens.

Para melhorar o conjunto de informações apoio-me em parte no material(o qual recomendo a leitura na integra) de Cesár  Augusto Azevedo dos Santos, postado em www.ufrgs.br/alcar/encontros...1/3o.../Landell Moura.doc:

"O Brasil, junto com a comunidade científica, embora tendo adotado oficialmente  essas invenções na época, até hoje não reivindicou o pioneirismo nacional. A evolução da telecomunicação eletrônica abrange, até a atualidade, três períodos: emissão por centelhamento (oscilador de Hertz); emissão termiônica (válvula); emissão transistorizada (transistor) (Albuquerque, 1993, p. 50).

De acordo com o mesmo Albuquerque (2000), as diferenças técnicas entre as invenções dos dois cientistas são: Marconi patenteou na Inglaterra, sob o n. 12.039-1, em 12/09/1896, somente a transmissão-recepção eletrônica por centelhamento dos sinais telegráficos em código Morse.
Landell de Moura, já em 1894, em São Paulo, fazia experiências públicas em telegrafia e fonia, pelo mesmo sistema de Marconi, acrescido do sistema fotônico (emissão de feixes de luz ou fótons) em telegrafia e fonia.

Landell de Moura patenteou, no Brasil, em 09/03/1901, sob n. 3.279, esse seu sistema fotônico-eletrônico. Desta forma, “o cientista brasileiro inovou, em relação à patente de Marconi, a prioridade na transmissão-recepção mundial da palavra, ou fonia, em emissão fotônica-eletrônica, até então sem patentes mundiais” (Albuquerque, 2000)

A posição de Albuquerque lança uma nova luz sobre a polêmica de quem, na verdade, foi o pioneiro na radiodifusão. Genericamente a discussão do pioneirismo se trava a partir do pressuposto de que Landell e Marconi desenvolveram experiências idênticas e que o fato de o cientista italiano ter patenteado primeiro seu invento lhe daria, então, a primazia.

Entretanto, verifica-se que se trata de invenções apenas semelhantes, uma vez que “Marconi é o iniciador da emissão-recepção eletrônica telegráfica. Landell de Moura é o pioneiro da emissão-recepção fotônica-eletrônica em fonia, sendo o precursor da radiodifusão” (Albuquerque, 1993, p. 50).

A observação está baseada nos estudos das patentes internacionais de Marconi e Landell de Moura. Ao fazer suas transmissões, publicamente, em São Paulo, o padre-cientista é o primeiro radioamador em telegrafia fonia e o primeiro comunicador da radiodifusão com a continuação dos contatos no País e no Exterior.

Como conseqüência de suas descobertas, a Marinha de Guerra do Brasil, logo no retorno de Landell de Moura dos Estados Unidos no início de 1905, já em 19 de março do mesmo ano, realizava experiências com a telegrafia por centelhamento, no encouraçado Aquidabã.

 Foram usados os aparelhos patenteados pelo cientista gaúcho em 1901, no Brasil, e 1904, nos Estados Unidos. A Marinha de Guerra é a pioneira, no Brasil, da radiotelegrafia permanente (Albuquerque, 1993, p 48).

Dentro dos mesmos princípios técnicos, a antiga Repartição Geral dos Telégrafos, em 1910, iniciou a organização da primeira rede radiotelegráfica por centelhamento, com oito estações, cobrindo a costa brasileira, de norte a sul. É a primeira rede radiotelegráfica em terra, sendo a pioneira da América do Sul.

Utilizando, em parte, princípios semelhantes aos das patentes de Landell de Moura, os equipamentos da Marinha e da RGT eram produzidos na Inglaterra ou na Alemanha, pela Marconi ou pela Telefunken. O que parece ser uma ironia do destino revela, no entanto, uma diferença essencial entre os dois cientistas.

O fato de os equipamentos utilizados no Brasil terem sido produzidos pela  empresa de Marconi elucidam a visão empresarial que o cientista italiano sempre teve em relação às suas pesquisas e à recepção  numa “sociedade moderna” que as mesmas tiveram, diferentemente de Landell de Moura no Brasil." [ o grifo é meu].


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