sábado, 20 de julho de 2013

A cena e o Prandium

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        CENA ROMANA


Romani miseri plerumque instrumentă paucă habent, sed romani opulenti instrumentă variă habent: mensas aeneas, armariă, arcas eburneas, aureas et testudineas. Solum feminae et vetusti cathedras occupant. Armariŭm et arcae objectă pretiosă protegunt.
Quando romani edunt, lectulos occupant. Cibi mensas parvas et quadratas occupant, quia mensae rotundae plerumque ornamentă sunt. 
Lectuli tegmentum et pulvinos habent.
Romani miseri cibos varios non habent. Solum romani opulenti cenam magnam noctu cenant. Romani cultros et furculas non tractant, quia utensiliă digiti sunt.
 Quando convivae ferculum cessant, servi aquam ferunt et digitos suos purgant.( UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ FACULDADE DE LETRAS APOSTILA DE LATIM Prof. Fábio Frohwein)
Romanos miseráveis tinham poucos instrumentos, mas os romanos opulentos tinham vários. Mesas de bronze, armários, arcas de marfim, ouro e de cascos. Somente as mulheres e anciões ocupavam as cadeiras.
Os armários e as arcas protegiam os objetos valiosos. Quando os romanos comiam, eles ocopavam leitos.
As comidas ocupavam mesas pequenas e quadradas, porque as mesas redondas eram geramente para ornamentos. O leito tinha colchão e almofadas.
Os romanos miseráveis não tinham variedade de comidas. Somente romanos opulentos banqueteavam. Eles faziam grandes banquetes noturnos. Os romanos não usavam facas e garfos, porque utilizavam os dedos. Quando as bandejas de comida dos convidados terminavam, os servos traziam água e eles limpavam os dedos” (tradução do blogueiro)


A alimentação é uma atividade intrínseca aos seres vivos na qual está incluso obviamente, o ser humano, e cercada portanto, de significados sociais e ritualísticos, que através de vários tipos de manifestações, singularizam e acompanham, cada sociedade.

”Comer não é um ato solitário ou autônomo do ser humano, ao contrário, é a origem da socialização, pois, nas formas coletivas de se obter a comida, a espécie humana desenvolveu utensílios culturais diversos, talvez até mesmo a própria linguagem.
O uso do fogo há pelo menos meio milhão de anos trouxe um novo elemento constituidor da produção social do alimento.
A comensalidade é a prática de comer junto, partilhando (mesmo que desigualmente) a comida, sua origem é tão antiga quanto a espécie humana, pois até mesmo espécies animais a praticam.
A diferença entre a comensalidade humana e a dos animais é que atribuimos sentidos aos atos da partilha e eles se alteram com o tempo.
[CARNEIRO, H. S. Comida e sociedade: signifi cados sociais... ]

Cena e prandium

Escrutinando - nos sobre um determinado período da história romana, descobrimos hábitos e formas de alimentação que ainda aos nossos tempos é plenamente compatível com as nossas sociedades, respeitando- se obviamente a época e as formas de convívio social em cada trecho da história humana. Atentemos, para o que diz o trecho abaixo.

“Os romanos comiam dois tipos de refeições opostas, a cena e o prandium.
A primeira reunia homens sempre deitados (quabdo há mulheres, elas tradicionalmente, ficavam sentadas) em um lugar coberto - casa, pórtico ou jardim coberto por um velum, um grupo social bem definido – família, clientela, amigos da mesma idade, corporação profissional ou sacerdotal, vizinhos – uma partilha de prazeres da mesa por ocasião de uma festa. O número de convivas é limitado a uma dezena, mas o número de salas de jantar pode se multiplicar. Mesmo que os banqueadores se limitem aos habitantes de uma quinta - um camponês, sua mulher, seus filhos, suas noras, seus netos e alguns criados - a cena de qualquer maneira, é uma festa, apesar de piuco luxo; ele é sempre uma ocasião especial. Quando adquire grandes dimensões, a cena pode se chamer conuiuium . Se se trata de um banquete ritual , denomina-se epulum . Mas, o romano geralmentecome apenas o bastante se restaurar, sem cerimônia, frugalmente só, não importando onde e quando. Porém, ele não consome qualquer coisa : come apenas alimentos revigorantes, “frugais”, compostos de fruges . (FLANDRIN; MONTANARI, pág. 210).

Podemos inferir, que para os romanos a alimentação tem tanto a função de congraçamento, ritualística e mantenedora da saúde, devido a preocupação por consumo de alimentos saudáveis conforme observamos nos últimos parágrafos.
O que coaduna com os dias atuais, apesar dos “pecadilhos” da gula, freqüentemente cometidos no dia a dia. 

cena
Jantar; ceia
conuiuium
banquete / festim ; Daí reunião de convidados
epulum
Refeição suntuosa/ refeição pública
fruges
produtos da terra : grãos, cereais. frutas etc...
propriedade destinada ao cultivo azeitonas, trigo, legumes etc.. com a função de lucro
velum
Véu / cortina

Prandium

O povo romano tinha uma forma de comer no dia que era denominada prandium que significa almoço.

Normalmente era composto por pão; azeitonas; hortaliças, cebolas,figos, legumes regados com óleo e vinho
“O prandium deve ser “frugal”, vegetariano e frio.. Para os romanos aquele que se regala solitariamente com uma teta de porca ou com tripas refogadas, seja em sua casa ou em um albergue, só pode ser um marginal, um escravo cavador de túmulos, um escravo liberto insolente, um nobre provocador, lucullus nunca janta em casa de Lucullus”( História da alimentação - FLANDRIN; MONTANARI, pág. 210 ).
“Assim, o dia do romano, não é regido pelo horário das refeições, uma vez que o alimento indispensável é consumido quando ele sente necessidade, e os banquetes constituiem eventos especiais. Em compensação, a oposição entre cena e prandium inscreve-se nas oposições de tempo e de espaço preexistentes,
A cena pertence ao tempo de do otium , ou seja, do lazer e da paz. O otium romano implica duas formas de vacuidade. O otiosus não é um guerreiro, o otiosus não está engajado em uma atividade cívica.
Uma cena geralmente ocorre numa tarde de inverno, na sala d jantar de cima da casa de Roma, ou de uma quinta do campo romano e reúne, durante duas ou três horas, homens lavados, sossegados, vestidos com togas ou túnicas largas, esquecidos de preocupações com a “labuta da manhã”.
O banquete termina ao cair da noite. Em compensação, o prandium, é a ùnica refeição dos romanos engajados na guerra, na atividade política ou em qualquer outra que requeira esforço (labores). Ele pode consistir em um desjejum matinal, uma refeição leve em todno do “meio – dia”, mas, não tem nada de obrigatório. É também o jantar do solitário e do soldado em campanha, a única refeição das famílias enlutadas.” (História da alimentação - FLANDRIN; MONTANARI, pág. 210 ).

Otium
Tempo de repouso; vagar; ócio; Sentido figurado : calma . paz; tranqüilidade etc..

 
                     A busca pelo comedimento por força de leis 

Ao ler a história, nos deparamos com fatos que mesmo com toda a nossa tendência para a modernidade, tornamos a repetir atitudes antigas e até prejudiciais, sem usufruirmos das lições deixadas pelos povos antecedentes.

A história de Roma está repleta de momentos em que se procurou impedir ou limitar a tendência para o luxo, veja-se o papel do discurso jurídico. Nenhum outro povo da Antiguidade produziu tamanha quantidade de leis sumptuárias e legislou especificamente sobre a mesa, com ênfase para a cena, a principal refeição de um romano. Se a Lex Orchia de 181 a.C. chega ao ponto de atribuir um limite aos gastos e ao número de convivas, de distinguir as verbas para os dias comuns e os dias festivos e de estipular quais as quantidades e os géneros permitidos, cerca de três séculos mais tarde, sob o principado de Adriano (117-138),há leis que prevêem as portas abertas para inspecção dos triclínios. (Inês de Ornellas e Castro Universidade Nova de Lisboa pág 72)

Leis sumptuárias
leis relativas as despesas; custos.
Triclinios
sala de jantar com três leitos; sent. Particular leito de mesa para três pessoas (algumas vezes para quatro ou cinco pessoas

                              Lex Fannia
 As artimanhas para burlar as leis, sempre acompanharam a humanidade, em relação a alimentação, temos o seguinte exemplo.
Em contrapartida, também conhecemos meios astuciosos de ultrapassar estas leis, como é o caso da Lex Fannia de 161 a.C. que proíbe o consumo de frangas nos banquetes, levando os Romanos, atentos à letra da lei, a engordarem galos. Eis como por engenho se chegou à criação do capão”. (Inês de Ornellas e Castro Universidade Nova de Lisboa pág 72)


                     A fixação dos hábitos alimentares
 

Há o dito em latim, que diz “" gutta cavat  lapidem, non vi, sed saepe cadendo”"¹, e trazendo para o contexto do assunto, cito também a propaganda dos nossos dias que nos induzem a comermos o que não queremos, através do sufocamento do nosso conciente com cores e cheiros artificiais, induzem – nos desde a infância a nos tornamos presas fáceis das comidas industriais, artificialmente produzidas e conservadas, com os já conhecidos malefícios que nos assolam. Como se pode notar no parágrafo abaixo, a aversão do romano por produtos marinhos, tinha forte caráter ideológico.
E para corroborar a observação inicial sobre os fatos históricos, leiamos o seguinte trecho:
O constructo ideológico romano fixado na comunidade rural está também na origem da aversão aos produtos do mar. Na verdade, o consumo do peixe é sobretudo fruto da helenização gastronómica desde os séculos III e II a.C. pelo contacto com as cidades da Magna Grécia e não fazia parte da dieta romana, excepto nas zonas costeiras ou próximas de rios. Considerado um produto de luxo, o peixe é importado para os mercados, onde se mantém vivo em tanques ou produzido em viveiros particulares, as piscinae. (Inês de Ornellas e Castro Universidade Nova de Lisboa pág 76)  [ a gota cava a pedra, não pela força,  mas caindo com frequencia] ¹

A feijoada Brasileira e sua longingua origem
“A feijoada é o prato nacional por excelência. Suas origens prestam-se às mais especulativas interpretações e costuma-se apresentá-la como a expressão da fusão racial brasileira, um prato feito pelos negros com as partes menos nobres do porco e com o feijão, de origem americana, num cozido de técnica européia.
O grande Lamartine Babo já resumia essa síntese de identidade nacional dizendo que “do Guarani ao guaraná, surgiu a feijoada, e mais tarde o Paraty” (“Quem foi que inventou o Brasil”, carnaval 1934).
Na verdade, tanto os produtos (porco, leguminosas, alho e cebola), como a técnica são de origem européia, mais especificamente ibérica e, se quisermos buscar uma origem mais longínqua, judia sefardita. Pasmem! A feijoada tem origem judaica... Mas e o porco? É claro que o porco vem depois.” Pág 76 [CARNEIRO, H. S. Comida e sociedade: signifi cados sociais... ]

“Anteriores a essas feijoadas, no entanto, são os cozidos de favas. A fava, Vicia faba, tem origem no Oriente Médio e Mediterrâneo, nas antigas civilizações clássicas, havendo a tese de que seu nome deriva da família romana dos Fábios, que a cultivavam amplamente. Seu uso em Roma ultrapassava o alimentar, servindo como mecanismo para o sistema de voto (favas brancas para o sim e negras para o não).” [CARNEIRO, H. S. Comida e sociedade: signifi cados sociais... ]

O feijão na saúde

Uma dieta só de feijão ou outras favas pode levar a uma doença chamada favismo, de carência de certas proteínas.
Mas associado a cereais (como o arroz, por exemplo) , o feijão fornece um suprimento ideal de carboidratos, fibras e sobretudo de proteínas.
As leguminosas (favas, feijões, soja etc.) são das poucas plantas capazes de fornecer proteínas. Por isso, a chegada do feijão americano à Europa foi tão importante.”
[CARNEIRO, H. S. Comida e sociedade: signifi cados sociais... ]
Curiosidades
Na Roma antiga, o leite de vaca era incluído nos sacrifícios fúnebres e nas oferendas aos deuses. Tratava-se de um alimento proibido aos budistas e considerado um produto do paraíso; para os muçulmanos Gregos e romanos incluíam tal bebida às estórias de suas figuras mitológicas.( Elisabetta Recine e Patrícia Radaell - NUT/FS/UnB – ATAN/DAB/SPS)
 Informações sobre o porco
"A origem e história dos Suínos

Os primeiros relatos do aparecimento dos suínos na terra datam de 40 milhões de anos e sua domesticação é creditada aos chineses. Ela teria ocorrido a 10.000 anos atrás, quando os primeiros homens formaram aldeias para cultivar cereais, como a cevada e o trigo, depois de terem sido nômades por milhares de anos.
Porém, eram os porcos, e não estes cereais, a principal fonte de alimento nas primeiras comunidades fixas. Cansados de vagar em busca de nozes e frutas, os habitantes das antigas aldeias decidiram domesticar os porcos selvagens encontrados na região.
Poucos anos após terem estabelecido residência fixa, a criação de porcos converteu-se em sua atividade principal.
Foi na antigüidade que começaram as primeiras polêmicas que cercam o consumo de carne suína. "Amado por uns e odiado por outros", poderia ser o resumo dessas polêmicas.
Os gregos criavam os porcos e os destinavam a sacrifícios consagrados aos deuses Ceres, Martes e Cibeles. Para os habitantes da Ilha de Creta, os porcos eram animais divinos, sendo considerados o alimento preferido pelo deus Júpiter. Na época do Império Romano, havia grandes criações de porcos, que eram consumidos nas grandes festas de Roma ou regularmente pelos nobres e pelo povo.
 Carlos Magno prescrevia o consumo de carne de porco aos seus soldados e seguidores.
É nessa época que foram editadas as leis sálicas e borgonhesa que puniam com severidade os ladrões e matadores de porcos.
 Moisés, o legislador dos hebreus, porém, proibiu o consumo de carne de porco ao seu povo, para evitar as parasitoses tão comuns como a solitária (teníase) , da qual era vítima o povo judeu, que caminhava para a terra prometida.
Na Idade Média, o consumo de carne de porco era grande, passando a ser símbolo da gula, da volúpia e da luxúria." http://www.migplus.com.br/index


 

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