O
Enterro do não consigo
(Adaptado do livro
“Canja de Galinha para a Alma”, de Jack Canfield e Mark Victor
Hansen, Editora Ediouro)
Também não é demais
transcrever a lição memorável inserida na história conhecida
como “O Enterro do
‘não consigo”, que foi contada por Chick Moorman, e aconteceu
numa
escola do ensino
fundamental no Estado de Michigan, Estados Unidos da América. Ele
era
coordenador e
incentivador dos treinamentos que ali eram realizados e um dia viveu
uma
experiência muito
instrutiva, conforme ele mesmo narrou:
Tomei um lugar vazio no
fundo da sala e fiquei assistindo. Todos os alunos estavam
trabalhando numa
tarefa, preenchendo uma folha de caderno com ideias e pensamentos.
Um aluno de dez anos
que estava mais próximo de mim, estava enchendo a folha de “não
consigos”:
– “Não consigo
chutar a bola de futebol para além da intermediária”.
– “Não consigo
fazer divisões longas, com mais de três números”.
– “Não consigo
fazer com que a Debbie goste de mim”.
Caminhei pela sala e
notei que todos estavam escrevendo o que não conseguiam fazer:
“Não consigo fazer
dez flexões”; “não consigo comer um biscoito só”, etc.
A esta altura, a
atividade despertara minha curiosidade, e decidi verificar com a
professora
o que estava
acontecendo e percebi que ela também estava ocupada escrevendo uma
lista de “não
consigos”.
Frustrado em meus
esforços em determinar porque os alunos estavam trabalhando com
negativas, em vez de
escrever frases positivas, voltei para o meu lugar e continuei minhas
observações. Os
estudantes escreveram por mais dez minutos. A maioria encheu sua
página.
Alguns começaram
outra. Depois de algum tempo os alunos foram instruídos a dobrar as
folhas
ao meio e colocá-las
numa caixa de sapatos, vazia, que estava sobre a mesa da professora.
Quando todos os alunos
haviam colocado as folhas na caixa, a professora, chamada Donna,
acrescentou as suas,
tampou a caixa, colocou-a embaixo do braço e saiu pela porta do
corredor. Os alunos a seguiram e eu segui os alunos. Logo à frente a
professora entrou na sala do
zelador e saiu com uma
pá. Depois seguiu para o pátio da escola, conduzindo os alunos até
o
canto mais distante do
playground. Ali começaram a cavar. Iam enterrar seus “não
consigos”!
Quando a escavação
terminou, a caixa de “não consigo” foi depositada no fundo e
rapidamente coberta com
terra. Trinta e uma crianças de dez e onze anos permaneceram de
pé, em torno da
sepultura recém cavada. Donna então proferiu louvores:
– “Amigos, estamos
hoje aqui reunidos para honrar a memória do ‘não consigo’.
Enquanto esteve conosco
aqui na Terra, ele tocou as vidas de todos nós, a de alguns mais do
que de outros. Seu
nome, infelizmente, foi mencionado em cada instituição pública:
escolas,
prefeituras,
assembléias legislativas e até mesmo na Casa Branca. Providenciamos
um local
para o seu descanso
final e uma lápide que contém seu epitáfio. Ele vive na memória
de seus
irmãos e irmãs ‘eu
consigo’, ‘eu posso’ e ‘eu sei’ e ‘eu tenho’. Que o
‘não consigo’ possa descansar
em paz e que todos os
presentes possam retomar suas vidas e ir em frente na sua ausência.
Amém.”
Ao escutar as orações
entendi que aqueles alunos jamais esqueceriam a lição. A atividade
era simbólica, mas era
também uma metáfora da vida. O “não consigo” estava enterrado
para sempre. Logo após,
a sábia professora encaminhou os alunos de volta à classe e
promoveu uma festa. Como parte da celebração, Donna recortou uma
grande lápide de papelão e escreveu as palavras “não consigo”
no topo, “descanse em paz” no centro, e a data embaixo. A lápide
de papel ficou pendurada na sala de aula de Donna durante o resto do
ano.
Nas raras ocasiões em
que um aluno se esquecia e dizia “não consigo”, Donna
simplesmente
apontava o cartaz
“descanse em paz”. O aluno então se lembrava que “não
consigo” estava
morto e reformulava a
frase.
Eu não era aluno de
Donna; eu era o seu coordenador. Ainda assim, naquele dia aprendi
com ela uma lição
duradoura.
Agora, anos depois,
sempre que ouço a frase “não consigo”, vejo imagens daquele
funeral da quarta série. Da mesma forma que os alunos, eu também me
lembro de que o “não consigo” está morto!
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário