segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Feromônios - Perfume natural de atração


               
                           “Este corpo moreno cheiroso e gostoso que você tem..
                                                                                                                            Bororó

Sabemos que a comunicação pode realizar-se por meio de sinais visuais, sonoros ou químicos.

Um elemento importante neste enredo é, ou melhor, são os chamados feromônios.

Os feromônios são substâncias químicas inodoras e invisíveis que modulam a comunicação entre indivíduos da mesma espécie. O termo foi criado por Peter Karlson e Martin Lüscher em 1959*, citados por Sorensen, 1992, a partir das palavras gregas pherein (transferir) e hormon (excitar). Antes disto, por mais de 50 anos, foram denominados de semioquímicos ou ectohormônios.

As substâncias que fazem a ponte de comunicação química são chamadas semioquímicos.

Se forem de ação entre indivíduos de espécies diferentes (ação interespecífica), são denominadas aleloquímicos.

E classificam como:

-          ALÔMONIOS – Benefício do emissor.

-          KAIROMÔNIOSKairo = do grego oportunista’/exploratório Benefício do receptor

As de ação intra-específica (entre indivíduos de mesma espécie), por sua vez, são os feromônios,
agindo na fisiologia e desenvolvimento dos indivíduos ou diretamente em seu comportamento.
Reiterando o parágrafo acima, “substancias que quando são secretadas por um individuo para o meio e recebida por outro, que emite uma reação específica – por exemplo, um comportamento definido ou um 

"processo”.(Karlson & Lüscher, 1959).
A comunicação química participa em diversos processos da vida dos animais, como aqueles envolvidos na localização do alimento, seleção de parceiros e reconhecimento intra e interespecífico, regulação de comportamentos, entre outros.

Para que o reconhecimento dos compostos químicos presentes no ambiente seja traduzido na linguagem do sistema nervoso e produza um impulso elétrico que será transmitido aos centros cerebrais, o inseto deve ter a capacidade de perceber estes compostos, converter a informação codificada na estrutura e determinar a concentração da molécula de odor para produzir uma resposta comportamental na intensidade adequada (Breer and Krieger, 2003; Vogt, 2003).

Os insetos são espécies que têm seus sistemas químicos de comunicação, bastante estudado o primeiro feromônio de inseto foi isolado e identificado em 1959 por um pesquisador alemão chamado Butenandt, tendo sido o resultado de mais de 20 anos de pesquisas.

O inseto empregado foi a mariposa do bicho-da-se seda Bombyx mori.
                                                        

Como mencionado acima, os feromônios fazem parte de um universo bastante amplo de comunicação química, efetuada por meio de substâncias denominadas semioquímicos

(sinais químicos). Assim, os feromônios podem ser classificados de acordo com suas funções em:

a) Feromônio de marcação de trilha:

esse é o caso mencionado antes, em que as formigas deixam um rastro químico que somente será detectado e entendido por outras formigas da mesma espécie.

b) Feromônio de alarme: utilizado principalmente por insetos sociais, tais como formigas, abelhas, cupins, marimbondos etc., serve para avisar outros membros da colônia que um inimigo pode estar se aproximando. O odor característico emitido pelos insetos conhecidos por ‘maria-fedida’ ao

                                                         

serem tocados é um exemplo de feromônio de alarme.

c) Feromônio de ataque: utilizado normalmente por insetos sociais, serve para avisar os outros insetos de que devem atacar um intruso.

d) Feromônio de agregação: empregado quando os insetos encontram uma fonte de comida ou um novo lugar para fazer sua moradia, e assim emitem o feromônio para atrair os demais membros
da espécie.

O item abaixo justifica a epígrafe do início da postagem

e) Feromônio sexual: utilizado para atrair o parceiro para a cópula e assim preservar a espécie, através da procriação.

É interessante mencionar que inicialmente os estudos indicavam que apenas as fêmeas emitiam o feromônio, atraindo os machos.

Hoje se sabe que em muitos casos é o macho que emite o feromônio, esperando que as fêmeas venham até ele.

O uso de feromônios permite manipular o comportamento reprodutivo entre indivíduos da mesma espécie, regulando diferentes estágios do processo de cópula e assim controlando as populações mediante a captura massal, ou pela confusão sexual, ou ainda para monitorar a presença do inseto em campo (Ferreira and Zarbin, 1998; Karlson and Luscher, 1959; Pallini et al., 2001; Vilela and Lucia, 2001).

As respostas mediante a presença de feromônios sexuais também são moduladas pela qualidade e quantidade dos compostos que o macho percebe (Linn et al., 1987)
Por outro lado, a produção, emissão e percepção dos feromônios dependem da idade fisiológica das fêmeas e dos machos, assim como da presença de feromônio sexual de coespecíficos que, no mesmo ambiente, podem adiantar ou retardar a produção e emissão de feromônio por fêmeas da mesma espécie (McNeil, 1991).

Deve-se observar que fatores biológicos, como fatores ambientais, influenciam na produção dos feromônios de acordo com alguns autores.

Fatores ambientais tais como temperatura, duração do dia e intensidade luminosa, também afetam o início da produção do feromônio pelas fêmeas (Gerber and Howlader, 1987; Han and Gatehouse, 1991a; Turgeon and McNeil, 1983).

Fatores bióticos como idade e biossíntese hormonal, e abióticos, como o fotoperíodo e a temperatura, podem interferir nesse processo influenciando o tempo de chamamento de fêmeas (Mazo-Cancino et al., 2004).

A resposta dos machos ao feromônio sexual é mediada por órgãos olfativos especializados, como as sensilas, localizadas principalmente nas antenas (Field et al., 2000), onde estão presentes proteínas que se ligam aos odores (OBP) e iniciam os sinais de tradução (Breer et al., 1990) ou transformação do estímulo químico em uma resposta bioelétrica (Schneider, 1970).

Esta percepção pode ser avaliada em condições de laboratório e por técnicas eletrofisiológicas como o



   
                  

                                 esquemático do EAG
eletroantenograma (EAG). Esta técnica mede as mudanças de potencial entre a base e a ponta da antena quando exposta a diferentes estímulos químicos (Strausfeld and Hildebrand, 1999; Struble and Heinrich, 1984).

Antena: um potente detector


Para identificar o feromônio, nada melhor que observar a reação do próprio inseto, ou de alguma parte dele, quando estimulado por um fluxo dessas substâncias.  

Quando a própria antena do inseto é utilizada para esse tipo de análise, o processo é denominado eletroantenografia e consiste no seguinte: a antena do inseto é cuidadosamente extirpada na base, mantida em soro fisiológico e posicionada entre dois microeletrodos de ouro capilares conectados a um amplificador, de forma a permitir a medida da diferença de potencial entre os microeletrodos.

     
                                     

 Cromatógrafo em fase gasosa acoplado a eletroantenógrafo (GC-EAD). No destaque, canto superior direito, antena fixada entre dois eletrodos  
(Fonte: arquivo do Laboratório de Semioquímicos-UFPR).


Quando uma substância faz parte do feromônio do inseto, a antena responde por meio de estímulos específicos, fazendo com que a diferença de potencial varie.


Essa variação pode ser amplificada e representada graficamente num registrador adequado.


No entanto, se uma antena for submetida simultaneamente a uma mistura de substâncias, não se pode saber quais são as ativas, uma vez que todas estão agindo ao mesmo tempo.


A esse problema, os químicos responderam com uma solução muito utilizada rotineiramente em nossos laboratórios: a cromatografia gasosa.


Assim, a mistura de substâncias anteriormente isolada é injetada em um cromatógrafo a gás e as substâncias separadas na coluna cromatográfica.


No final dessa separação, antes de o material ser enviado ao detector, faz-se uma divisão do fluxo e parte dele é submetido à antena.


Dessa maneira, a cada pico detectado pode-se associar a resposta da antena, funcionando esta como um detector biológico.
A partir dessa informação, o químico deve se preocupar apenas em determinar a estrutura química dos compostos que foram ativos na antena.
Para tal, utiliza-se rotineiramente da espectrometria de massas, em função de a pequeníssima quantidade (nanogramas) das substâncias ali presentes ser compatível com essa técnica.
Uma vez identificada a estrutura química do feromônio, o químico poderá sintetizá-lo em laboratório e submetê-lo a ensaios biológicos para se certificar de que ele foi corretamente identificado.                    


Muitos feromônios foram identificados incorretamente e, quando as amostras sintéticas obtidas foram submetidas aos insetos, estes não entenderam a ‘mensagem artificial’ e, portanto não reagiram como esperado.


As fêmeas de alguns lepidópteros desenvolveram ao longo do processo evolutivo a capacidade de perceber seu próprio feromônio, provavelmente para reduzir a competição por machos e por fontes de alimento, ou para aumentar a probabilidade de encontrar parceiros.
Por exemplo, o aumento do número de fêmeas liberando feromônio sexual em alta densidade populacional pode incrementar a probabilidade de atraírem machos, ou induzirem a dispersão das mesmas quando o nível populacional é alto, havendo competição por machos ou por alimentos (Palaniswamy and Seabrool, 1985).

A emissão de feromônios sexuais na maioria das espécies da ordem Lepidóptera é realizada pelas fêmeas e tem a finalidade de atrair os machos coespecíficos pelo vôo direto ou ainda pelo cortejo para possibilitar o acasalamento (Baker, 1989; Linn and Roelofs, 1995).

Padrões de comportamento como o chamamento, onde a maioria das vezes é liberada a mistura feromonal, podem influenciar o processo de acasalamento (Hou and Sheng, 2000).

Outros fatores, como a idade, podem modular a periodicidade da liberação do feromônio sexual e o comportamento de chamamento das fêmeas (Delisle and McNeil, 1987; Webster and Cardé, 1982)

Até aqui, foi exposto o mecanismo de comunicação e atração dos insetos, mas, e nos mamíferos por acaso, será diferente?

Atuação dos Ferômonios em Humanos 

• substâncias químicas encontradas no suor e em outras secreções parecem afetar comportamento.
• bebês aparentemente distinguem o odor da mãe (e vice-versa).

• sincronia menstrual em mulheres que moram/trabalham juntas.

Feromônios e comportamento sexual

 

Mas antes de adentrarmos de forma analítica no assunto, vou colocar um trecho do livro de Osho pág 105 “Intuição o saber além da lógica”, para apimentar o tema e que traz o seguinte, [..] O olfato é uma das mais importantes entradas sexuais para o corpo.


É por meio do olfato que os animais começam a sentir se o macho está sintonizado com a fêmea ou não; o olfato é uma indicação sutil.


Quando a fêmea está pronta para o acasalamento com o macho, ela libera um determinado tipo de odor. Apenas por intermédio do olfato o macho entende que ele é aceito. Se o odor não for liberado, o macho se afasta; ele sabe que não é aceito.

O homem destruiu o sentido do olfato porque é difícil criar uma sociedade assim chamada civilizada se o seu sentido do olfato permanecer natural.

Você está seguindo pela rua e uma mulher começa a liberar o seu odor e lhe dá um sinal de aceitação.

Ela não é a sua esposa; o marido dela está com ela — o sinal que você foi aceito foi enviado.

O que você faz? Seria deselegante, constrangedor!

A sua esposa caminha ao seu lado e não há sinal nenhum vindo do corpo dela, e de repente um homem passa por vocês e ela dá o sinal — e esses sinais são muito inconscientes; você não pode controlá-los assim de repente. Então você toma consciência de que ela está interessada no outro homem, que ela está dando as boas-vindas ao outro homem. Isso criaria problemas! Então, ao longo dos séculos, o homem destruiu completamente o seu sentido do olfato.

Não é por acaso que nos países civilizados desperdiça-se muito tempo na remoção de todos os tipos de odores do corpo.

O odor corporal tem de ser completamente destruído por desodorantes, sabonetes desodorantes.

O corpo tem de ser coberto por camadas de perfume, perfume forte. Isso é tudo disfarce; são maneiras de evitar uma realidade que continua existindo.

O odor é muito sensual, é por isso que nós destruímos o nariz, destruímos completamente o nariz”.

Observações interessantes, não é?

Também li não me recordo onde, a seguinte indagação, por quê temos o nariz sobre a boca e não na testa ou em outro lugar qualquer? A resposta era algo como proteção relacionada aos odores do alimento estragado ou para excitar nosso apetite no caso do bom alimento, ou seja, os odores são inegavelmente importantes para despertar as nossas percepções e sensações básicas.

Para tornar um tanto “picante” o assunto, vou recorrer a um pequeno trecho do livro Barbies, Bambolês e Bolas de Bilhar pág 163 de Joe Schwarcz, [...] Temos uma afeição especial pelas
                                  
                                                     gato civeta

fragrâncias derivadas das secreções da glândula anal do gato civeta da Etiópia ou do cervo almiscareiro do Himalaia. 

                                     
Em forma concentrada, essas secreções – conhecidas como almíscar – têm um cheiro extremamente ruim, mas, em forma diluída são bem atraentes para a maioria dos seres humanos. O almíscar é o produto animal mais valioso do mundo, sendo vendido por cerca de 44 mil dólares o quilo, aproximadamente quatro vezes o peso do ouro. Por sorte, análogos sintéticos já estão disponíveis. O almíscar parece atiçar a paixão humana. Por quê? Napoleão, entre todas as pessoas, pode nos ter dado uma pista importante. Antes de retornar de suas batalhas, o imperador escrevia a sua mulher, Josefina, pedindo-lhe que não se banhasse – a fragrância natural do corpo dela o excitava.(não deve ser um caso único, opinião do blogueiro). Somente quando Josefina descobriu um perfume baseado em almiscar, Napoleão deixou de fazer seus pedidos peculiares: o cheiro do almíscar satisfazia sua ânsia tanto quanto o suor de Josefina. É interessante que um composto encontrado no suor humano, o androsterol, que alguns pesquisadores  acreditam ser um feromônio humano, tenha um cheiro decididamente almiscarado”.     

Bem, depois destes trechos vamos ao que nos diz a ciência sobre os nossos odores.
 
Em humanos há evidência de que algumas substâncias atuam como feromônios dos tipos primers, sinalizadores ou moduladores, não havendo evidências que corroborem a ação de feromônios liberadores em adultos humanos (Wysocki CJ, Pretti G. Facts, fallacies, fears and frustrations with human pheromones.[Review] Anat Rec A Discov Mol Cell Evol Biol 2004; 281(1):1201-11. ).


Os mais conhecidos até agora se referem à sincronia menstrual entre mulheres que conviveram por alguns meses (McClintock MK. Menstrual synchrony and suppression. Nature 1971; 229(5282):244-5.), regulação do período de ovulação (Stern K, McClintock M. Regulation of ovulation by human pheromones. Nature 1998; 392(6672):177-9.), mudanças no ciclo menstrual de mulheres que apresentaram atividade sexual freqüente junto a parceiros do sexo oposto (Cowley JJ, Brooksbank BW. Human exposure to putative pheromones and changes in aspects of social behaviour. J Steroid Biochem Mol Biol 1991; 39(4B):647-59.), capacidade das mães de reconhecerem seus filhos por roupas previamente vestidas por eles, distinguindo-as por meio do olfato de outras vestidas por outras crianças e à preferência de bebês por mamilos de suas próprias mães durante a amamentação [16, 23].

Produção de Feromônios

Os principais produtores de feromônios humanos são as glândulas apócrinas localizadas nas axilas e na região púbica.

A alta concentração de glândulas apócrinas encontradas nos “sovacos” induzindo ao termo “órgãos das axilas”, as quais são consideradas órgãos independentes de produção de odor humano.
As glândulas apócrinas desenvolvem-se no embrião, mas tornam-se funcional somente com a entrada na puberdade.

Na maturação sexual, elas produzem secreção esteroidal derivadas de 16-androstenes (androstenone and androstenol), via testosterona, e como, a concentração de vários 16-androstenes é significativamente maior no gênero masculino [9]
Secreções apócrinas quando são produzidas são inodoras, mas são transformadas em odoríferas de androsterona e androstenol pela bactéria anaeróbica coryeform [10]
Na vagina, ácidos alifáticos (referenciados como "copulins") são secretados e seus odores variam com o ciclo menstrual [11]. [Vídeo]

Agora é possível de isolar e manufaturar de forma sintética estes feromônios humanos, e seus compostos são freqüentemente usados em pesquisas, porque eles são relativamente fáceis de fazer, convenientes para armazenar e fáceis de manipular.




Os feromônios estão presentes em várias secreções corporais dos mamíferos, tais como suor e urina.


Admite-se que, na espécie humana, as glândulas sudoríparas apócrinas sejam um local de síntese, armazenamento e liberação dos feromônios.



Feromônios também podem estar presentes nos queratinócitos que descamam da epiderme, sobre forma de metabólitos que passam de uma pessoa a outra por dispersão aérea [12].


Também se especula que a secreção de glândulas sebáceas da região da boca e lábios pode conter feromônios [14].


Sabe-se que mulheres normalmente sincronizam seus ciclos menstruais após convívio constante durante alguns meses [18], como o ocorrido com estudantes que compartilham o mesmo dormitório. 
Estudos demonstraram que mulheres com atividade heterossexual freqüente tendem a ter ciclos menstruais mais regulares em relação àquelas sem atividade freqüente [9],


devido à maior exposição das primeiras a substâncias presentes na secreção das glândulas sudoríparas apócrinas masculinas.


Do mesmo modo, mulheres expostas a extratos axilares masculinos também apresentam ciclos menstruais mais regulares.

Preti et al. [Human axillary secretions influence women’s menstrual cycles: the role of donor extracts of females. Horm Behav 1986;20:474–82.] estendeu suas pesquisas aplicando extrato do suor feminino no lábio superior de voluntárias femininas três vezes por semana durante quatro meses. No final deste período as participantes mostraram um significativo sincronismo no ciclo menstrual, em relação a voluntárias em um grupo de controle.

Cutler et al. [Human axillary secretions influence women’s menstrual cycles: the role of donor extracts from men. Horm Behav 1986;20:463–73.] também mostrou que a aplicação de secreções axilares no lábio superior de voluntárias femininas também teve um efeito regulador sobre o ciclo menstrual (Whitten effect).


Compostos inodoros extraídos das axilas de mulheres ao final da fase folicular de seus ciclos menstruais aceleraram o surgimento pré-ovulatório do hormônio luteinizante (LH) em mulheres que inalaram tais compostos, além de terem encurtado seus ciclos menstruais.


A constatação de que compostos axilares podem influir no ciclo menstrual de mulheres que os receberam indica que tais compostos contêm substâncias que agem como feromônios [25].

Compostos axilares das mesmas doadoras, que foram coletados durante a ovulação, tiveram o efeito oposto, atrasando o surgimento do LH nas mulheres que os receberam e aumentando a duração de seus ciclos menstruais.


Estudo semelhante ao descrito acima, realizado nas Universidades da Pensilvânia e de Stanford nos EUA, entre 1975 e 1986 [14], indicou haver relação entre o comportamento sexual da mulher e aspectos de seu ciclo hormonal. Classificou-se a freqüência de relações sexuais com um parceiro do sexo oposto em padrões que variavam entre semanal, esporádicos ou celibato.

Por meio da análise dos níveis séricos de esteróides em amostras de sangue retiradas duas semanas antes da menstruação e das variações da temperatura corporal basal, chegou-se à conclusão de que o intercurso sexual ou estimulação genital na presença de um homem estavam associados a ciclos menstruais do tipo fértil
Tendo como base os resultados das mulheres com padrão sexual semanal, as que preenchiam os perfis esporádico ou celibato, tinham ciclos menstruais anormalmente curtos ou longos.

Além disso, as mulheres que não tinham relações sexuais semanalmente tiveram níveis de estrógeno em média 50% menores que o grupo de padrão semanal.

Considera-se que ciclos menstruais anormais tenham maior tendência a serem subférteis, de onde se pode inferir uma possível relação entre a fertilidade e a presença do companheiro do sexo oposto e, possivelmente, a influência dos feromônios do parceiro no ciclo hormonal feminino, influenciando a fertilidade e a época de início da menopausa. 
Tanto a prática sexual regular quanto à idade inicial de contato sexual na puberdade parecem influenciar de forma semelhante à fisiologia endócrina da mulher [14,27].

Estudos comprovaram que a exposição de mulheres a extratos contendo androstenol extraídos de fluidos masculinos influenciou seu comportamento, aumentando sua interação com os indivíduos do sexo masculino. 

                         

A receptividade feminina aos homens também se apresentou aumentada após a exposição das mesmas ao androstenol [14,28].


Ellis and Garber [Psychosocial antecedents in variation in girls’ pubertal timing: maternal depression, stepfather presence, and marital and family stress. Child Dev 2000;71:485–501.] mostraram que garotas com padrasto em casa entram na puberdade mais rapidamente do que garotas em casa com mães solteiras, as jovens filhas então, na chegada de um representante do genêro masculino em cena, iniciam então sua maturação relativa a puberdade (Vandenburgh effect).

O comportamento dos recém-nascidos também parece sofrer influência dos feromônios. 
        
                          
                          
Eles são particularmente sensíveis a odores produzidos pelas glândulas mamárias de mulheres lactantes. 
O mamilo e aréola são fontes ricas de substâncias que poderiam servir como sinais olfatórios, não só pela secreção do colostro e de leite, mas

                                
 também pelas secreções das glândulas sebáceas e sudoríparas apócrinas localizadas nesta região. 
Em uma série de testes de preferência de odores com duas opções de escolha para os bebês, crianças com duas semanas de idade alimentadas com mamadeira direcionaram-se preferencialmente às mamadeiras borrifadas com odores mamilares de mulheres que estavam amamentando, em detrimento das mamadeiras borrifadas com odores mamilares de mulheres com glândulas mamárias não produtivas [23].

                                    


Em vista do exposto, é bom levarmos a sério a expressão “me dá um cheirinho ai...?”



 

Referências


9 Brooksbank BWL, Wilson DAA, MacSweeney DA. Fate of androsta- 4, 16-dien-3-one and the origin of 3a-hydroxy-5a-androst-16-ene in man. J Endocrinol 1972;52:239–51
10 Gower DB, Ruparelia BA. Olfaction in humans with special reference to odourous 16-androstenes: their occurrence, perception and possible social, psychological and sexual impact. J Endocrinol 1993;137:167–87.].
11 Michael RP, Bonsall RW, Kutner M. Volatile fatty acids, ‘Copulins’, in human vaginal secretions. Psychoneuroendocrinol 1975;1:153–62.].
12. Cohn BA. In search of human skin pheromones. [Review] Arch Dermatol 1994; 130:1048-51.
14. Cowley JJ, Brooksbank BW. Human exposure to putative pheromones and changes in aspects of social behaviour. J Steroid Biochem Mol Biol 1991; 39(4B):647-59.
16. Mucignat Caretta C, Caretta A, Cavaggioni A. Pheromonally accelerated puberty is enhanced by previous experience of the same stimulus. Physiol Behav 1995; 57(5):901-3.
23. Winberg J, Porter RH. Olfaction and human neonatal behaviour: clinical implications. [Review] Acta Paediatr 1998; 87(1):6-10.
24. Berliner DL, Jennings-White C, Layker RM. The human skin fragrances and pheromones. [Review] J Steroid Biochem Mol Biol 1991; 39(4B):671-9.
25. Preti G, Wysocki CJ, Barnhart KT, Sondheimer SJ, Leyden JJ. Male axillary extracts contain pheromones that affect pulsatile secretion of luteinizing hormone and mood in women recipients.Biol Reprod 2003; 68(6):2107-13.
26. Preti G, Cutler WB, Garcia CR, Huggins GR, Lawley HJ. Human axillary secretions influence women’s menstrual cycles: the role of donor extract of females. Horm Behav 1986; 20(4):474-82.
27. Graham CA, Janssen E, Sanders SA. Effects of fragrance on female sexual arousal and mood across the menstrual cycle. Psychophysiology 2000; 37(1):76-84.
28. Lundstrom JN, Goncalves M, Esteves F, Olsson MJ. Psychological effects of subthreshold exposure to the putative human pheromone 4,16-androstadien-3-one. Horm Behav 2003; 44(5):395-401.









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