sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A Galáxia a nave e a Terra

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Valongo - Degraus ensanguentados

                 Imagem relacionadax
 
Da mesma forma quando publiquei a primeira postagem e nela declarei que non sine aliquo


metus escribo, pois entendo que determinadas palavras depois de escritas e posteriormente 


lidas criam marcas no autor tais como escariações que embora invisíveis para o mesmo são 


identificáveis para quem as lê.


Nessa postagem vou abordar o cais do Valongo no rio de janeiro que foi declarado 


patrimônio da humanidade pela Unesco  -


(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a


Cultura) ... -


Além do texto, anexo mais abaixo um vídeo de animação, para ilustrar de forma singela esta postagem.

O cais do Valongo além de apresentar a singularidade explicada no texto que extrai da revista Carta capital (edição eletrônica 13/07/2017 ) também evocou para mim as explicações de fatos históricos relatados pelo historiador Luis Felipe de Alencastro em seu livro Trato dos Viventes, fatos que já foram citados na postagem  Africae Brasilia Museus e o AfroBrasil deste blog, onde destaco a citação sobre a bula Romanus Pontifex chancelada pelo papa Nicolau V em 1455 autorizando a escravidão dos africanos, primeiramente os libertos das guerras das cruzadas com a alegação que após a conversão pelo batismo teriam suas almas salvas.
Posteriormente, o padre Antonio Vieira pregou para os escravos negros dos engenhos da Bahia. A escravidão negra, para ele estava em consonância  com os próprios interesses econômicos professados pela Companhia de Jesus ao longo dos 210 anos  (1549- 1759) em que perdurou sua hegemonia educacional no Brasil.   ( R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 43-53, jan./dez. 2003. 43). 
Fatos com estes e outros que estão mais abaixo, pela gravidade que possuem fazem-me acreditar que deveria haver uma retratação nos moldes da que foi feita ao físico Galileu Galilei que embora tenha demorado cerca de 300 anos,não os danos das ações que foram desencadeadas após a chancela da da bula papal. Pois, esta em minha opinião, criou uma mácula na etnia negra provocando milhões de mortes pela ação da escravidão no passado em conjunto com a colonização europeia da África e da América do Sul criando a eiva hedionda do preconceito que continua matando em pleno século XXI. 

Chamo a atenção para o fato que a África perdeu parte de sua população produtiva, fato de onde podemos inferir que parte de seus problema tenham relação com essas perdas. Bem, creio que entrei em contradição com a frase do início- non sine aliquo metus escribo- , destarte, coloco os relatos dos pesquisadores que possuem as competências para as análises históricas.     
  
A história do Valongo enquanto entreposto comercial inicia-se, na verdade, na

antiga Rua Direita, atual Primeiro de Março. Ali, bem na entrada da cidade, era praticado o comércio de almas sem pudor algum.( REVISTA DE HISTÓRIA COMPARADA, Rio de Janeiro, 7,1: 218-243, 2013. 219)

Trecho extraido da revista Carta Capital (tomei a liberdade de inserir alguns grifos e foto)
Diferentemente de outros 20 sítios no Brasil igualmente reconhecidos pela ONU, as pedras pisadas do cais por mulheres e homens trazidos à força da África em navios negreiros foram eleitas não apenas por seu valor arqueológico, arquitetônico ou mesmo histórico, mas, principalmente, por formarem um local considerado de "memória sensível" – mesmo caso, por exemplo, do campo de extermínio nazista de Auschwitz.
Um lugar, portanto, de sofrimento, símbolo de um crime contra a humanidade.
"O Valongo é o mais importante, o mais significativo sítio de memória da diáspora africana na América.
                  Resultado de imagem para localização cais do Valongo rio de janeiro
 É o único vestígio material que temos do desembarque de africanos escravizados por aqui", afirma o antropólogo Milton Guran, coordenador do grupo de trabalho que elaborou o dossiê da candidatura do cais à Patrimônio Mundial da Humanidade.
Não se trata de um ponto de desembarque qualquer: dos 4 milhões de africanos escravizados que vieram para o Brasil em 300 anos de tráfico, 2,4 milhões entraram no País pelo Rio de Janeiro, 1 milhão deles pelo Valongo, entre 1774 e 1831 – muito mais gente do que os Estados Unidos receberam (cerca de 400 mil) em toda a sua história de tráfico.
"O Cais do Valongo é o mais importante complexo negreiro do mais importante País na história da diáspora africana na era moderna, que é o Brasil", resume o historiador Carlos Eugênio Líbano Soares, da UFRJ. "Nunca antes tantos africanos chegaram em tão pouco tempo a uma região do mundo atlântico."

Segundo Guran, isso explica a importância do reconhecimento. "O Valongo não simboliza só a parte material, imediata, o porto de desembarque, mas toda a tragédia do tráfico no Atlântico, esse crime contra a humanidade", explica Guran, que também é integrante do comitê científico internacional do projeto Rota do Escravo, da Unesco, que busca mapear os caminhos da diáspora pelo mundo.
Segundo o antropólogo, todos os outros sítios reconhecidos como patrimônio mundial ligados à escravidão estão na África. Esta é uma diferença crucial no que diz respeito ao reconhecimento da escravidão no Brasil, segundo especialistas.
"Sempre se trabalhou muito no viés da história oficial, que apagou a presença do negro na cultura e no processo civilizatório do Brasil", afirma o diretor do Departamento do Patrimônio Material do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Andrey Schlee. "Estamos tentando resgatar a importância dessa contribuição. Superamos a fase de valorizar áreas da classe dominante."

Sorry, o vídeo é maior que o permitido para download, será acessado em:
           www.youtube.com/channel/UCvxwcscczJW61Z-yu8PHbwQ
Para mim, os fatos da historia do Brasil são colocados no limbo para que a população não afirme sua própria identidade e por consequência adquira consciência das causas de seus problemas sociais e econômicos, favorecendo assim, os discursos da classe dominante conforme supra citado. Por exemplo,[..] Antônio Vieira se destacou por ser um pregador facundo, principalmente no que diz respeito aos seus sermões. A respeito destes últimos, eram impregnados de filosofia, o que o levava a se considerar um filósofo que tratava apenas de assuntos cristãos. Por algum tempo esteve politicamente envolvido com a Inquisição, período no qual foi acusado até mesmo de traição por defender, além dos índios, os novos cristãos, principalmente os judeus. Sofreu condenação, dita como branda, por parte da Inquisição: ficou preso por dois anos (1665-1667) e foi impedido de dar palavra. Vieira usou seu dom da retórica para falar com o papa a respeito desta condenação, o qual o absolve de toda censura ainda existente. Logo após, Antônio Vieira foi a Roma, onde assumiu novamente seu papel oratório. Em 1681, decidiu regressar ao Brasil, onde faleceu, em 1697, no Colégio da Bahia.(http://brasilescola.uol.com.br/literatura/padre-antonio-vieira.htm)

Agora, análises mais detalhadas sobre a atuação do mesmo na história da escravidão no Brasil.

A pedagogia da escravidão nos Sermões do Rosário
 (R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 43-53, jan./dez. 2003.)
A escravidão africana no Brasil remonta aos primórdios do processo colonizador.
Na Colônia, “desde 1539 – segundo Maurício Goulart (1975, p. 56) –, jamais se cessara de clamar contra a falta de negros para o tamanho das terras e o trabalho nos engenhos”.
A estimativa é de que “entre os séculos 16 e 19 desembarcaram em portos brasileiros cerca de quatro entre cada dez africanos importados pelas Américas” (Florentino, 1995, p. 25).
A escravidão constituiu-se, assim, em estratégia de “sobrevivência para o colono europeu na nova terra” (Furtado, 1977, p. 41).

No dizer de Sérgio Buarque de Holanda (1995, p. 49), o modelo colonial português assentado no latifúndio, na escravidão e na monocultura engendrou, nos trópicos, uma conformação econômica fundada na “produção de índole econômica fundada na “produção de índole semicapitalista, orientada sobretudo para consumo externo”.
Essa base material produziu uma estrutura societária centrada na figura dos “senhores de engenho, opulentos,arbitrários, desdenhosos da burocracia, com a palavra desafiadora à flor dos lábios, rodeados de vassalos prontos a obedecer-lhes ao grito de rebeldia” (Faoro,1989, v. 1, p. 127).


Foi nesse contexto histórico que o Padre Antonio Vieira pregou para os escravos negros dos engenhos da Bahia. 

                             Resultado de imagem
      

A escravidão negra, para ele, estava em consonância com os próprios interesses econômicos professados pela Companhia de Jesus ao longo dos 210 anos (1549-1759) em que perdurou a sua hegemonia educacional no Brasil.  A base material de sustentação da missão evangelizadora dos jesuítas, notadamente dos colégios mantidos pela Ordem, foi a unidade produtora típica do Brasil dos séculos 16 e 17: 
a fazenda de agropecuária sustentada pelo braço escravo. Durante os dois primeiros séculos do período colonial, a “Companhia de Jesus era provavelmente a maior proprietária de escravos do Brasil; seguramente possuía o maior número de escravos existentes em uma só fazenda em toda a América colonial” (Alden, 1970, p. 36).
A evidência desse fato pode ser comprovada desde o início da colonização. Em uma carta,datada de setembro de 1551, o padre Manoel da Nóbrega (1956, v. 1, p. 293) já reivindica a D. João III, Rei de Portugal, que lhes conceda escravos e, para justificar o pedido, menciona a manutenção dos “meninos” que freqüentavam as casas de bê-ábá, como se lê:

[...] mande ao Governador[-Geral do Brasil] que faça cassas pera os meninos, porque as que tem sam feitas por nosas mãos e são de pouqua dura, e mande dar alguns escravos de Guiné hà cassa pera fazerem mantimentos, porque a terra hé tam fertil, que facilmente se manterão e vestirão muitos meninos, se tiverem alguns escravos que fação roças de mantimentos e algodoais.

As condições de vida e trabalho dos escravos negros no Brasil Colonial eram brutalmente desumanas.
Avalia-se que a média de vida de um escravo no engenho de açúcar,durante os séculos 16 e 17, era de sete anos (Simonsen, 1969, p. 134); pois, “o serviço é insoffrivel, sempre os serventes andam correndo, e por isso morrem muitos escravos” – registrou, em 1584, o padreFernão Cardim (1939, p. 283). 

Inicialmente,o indivíduo feito cativo nas costas ocidentais da África era coisificado como mercadoria de um “desmedido comércio de seres humanos organizado entre dois territórios da mesma metrópole [e] entre duas províncias da mesma Companhia de Jesus”(Alencastro, 2000, p. 154). Depois, era vendido como escravo e incorporado a uma massa de trabalhadores,particularmente nos engenhos de açúcar, desprovido de quaisquer direitos.
Os escravos de origem africana, segundo o historiador holandês Gaspar Barléu (1940, p.65), eram “tolerantíssimos dos labores”.
Além disso, “alimenta[va]m-se com pouco.
Nascidos para sofrerem a inclemência da natureza e miséria da servidão”.

A tirania sofrida pelos negros nas terras brasílicas tinha na violência física,protagonizada pelo senhor de engenho, a sua forma mais contundente de subjugação.
Uma das fontes geradoras dessa opressão inaudita era o problema da comunicação entre senhor e escravo, ou seja,a relação entre o explorador (a voz de mando) e o explorado (o executor da ordem) no processo de produção material da riqueza colonial. Com origens étnicoculturais diferentes, os “escravos africanos falantes de diferentes línguas, foram obrigados a se comunicar na língua de seus opressores europeus, sem oportunidade de aprendê-la perfeitamente”. Nesse contexto,não havia outra maneira de se apropriar da língua do dominador a não ser no âmbito das relações escravistas de produção. Assim,desenvolvia-se “uma língua simplificada, que não é [era] a língua materna de ninguém”(Moore, Storto, 2002, p. 76).

Diante da brutalidade desse regime social, o padre Antonio Viera não permaneceu insensível à dimensão do infortúnio,embora,contraditoriamente, buscasse justificá-lo.
Eis, por exemplo, a alegoria que construiu para explicar o papel que o negro deveria desempenhar no âmbito do engenho:
[...] não se pudéra, nem melhor nem mais altamente, descrever que coisa é ser escravo em um engenho do Brasil. Não há trabalho, nem genero de vida no mundo mais parecido á Cruz e Paixão de Christo, que o vosso em um d’estes engenhos (Vieira, 1945a, v. XI, p. 309).
Para ele, em termos de sofrimento, o engenho era a cruz e o negro a própria imitação do Cristo mortificado que redimiu a humanidade do pecado original. Mas, para Alfredo Bosi (1992, p. 148), “a moral da cruz-para-os-outros [sic] é uma arma reacionária que, através dos séculos, tem legitimado a espoliação do trabalho humano em benefício de uma ordem cruenta”.
 Além disso, no mundo real das relações de produção,o escravo do Brasil Colonial era apenas a engrenagem principal da máquina mercantilista que alimentou historicamente a acumulação primitiva do capital necessário à Revolução Industrial do século 19.
Nesse contexto, a ação missionária dos padres jesuítas em relação aos escravos desafricanizados desempenhava a função de conformação cultural da superestrutura societária colonial. A propósito, eis como Serafim Leite (1938, t. II, p. 358) descreve o sentido da práxis evangelizadora dos inacianos dirigida aos escravos:

[...] a assistência dos Padres aos negros tinha, sob o aspecto de pacificação, importância capital: tornava-se útil para os negros, porque os instruía, ajudava e consolava;
útil aos moradores, porque, andando os negros tranqüilos, a vida no Brasil seguia em paz; útil para o Estado (ou como então se dizia, para a fazenda real), porque na paz prosperava a agricultura e a indústria açucareira, criava-se fonte de riqueza e, com ela, fontes de rendimentos públicos. Não menor era o impacto moral. [...] 
Os escravos, em contacto com os Jesuítas, não fugiam para os mocambos [quilombos], não furtavam, não se amancebavam, não se embriagavam, e diziam que, se procediam assim, é porque se confessavam com os Jesuítas.
É nessa perspectiva que os Sermões do Rosário revestem-se de sentido pedagógico, ou seja, a pregação de Vieira aos “pretos da Ethyopia” propugnava impor-lhes a concepção de mundo fundada na aceitação da escravidão.

Com esse intento, pronunciou-se no XX “Sermão do Rosário”, em que aborda os três elementos de distinção dos senhores em relação aos escravos:
nome, côr e fortuna”. Os seus argumentos retóricos aqui revelam claramente a arte do convencimento. Todas as idéias estão habilmente encadeadas para demonstrar a similitude entre a condição dos escravos e a de Jesus: a sua origem escrava, a pobreza, o sofrimento e, ainda mais, o pioneirismo na divulgação do cristianismo pelos “pretos”.
Sustentando que em nenhum dos três quesitos (nome, cor e fortuna) havia superioridade dos brancos, começa evocando a origem escrava de Jesus e lembra que Maria, ao saber que seria a mãe do Filho de Deus, dissera: “Eis aqui a escrava do Senhor” e “antes de ser mãe se chamou escrava”, portanto, Jesus, ao nascer, “em quanto Filho de seu Pai, é Senhor dos homens; mas enquanto Filho de sua Mãe, quis a mesma Mãe, que fôsse também escravo dos mesmos homens”, posto que o parto, “segundo as leis, não segue a condição do pai, senão da mãe”. Mais adiante, enaltecendo a condição de Maria, afirma que “Deus não poz os olhos na magestade e grandeza das senhoras, senão na humildade e baixeza da escrava” (Vieira, 1948a, v. XII, p. 91-93 e 97).
Ainda nesse mesmo Sermão, enfatiza que: “quando os Apostólos repartiram entre si o mundo, coube a S. Matheus a Ethiopia; mas quando lá chegou” o Evangelho já tinha sido divulgado “pelo primeiro Apostolo da sua patria [São Filippe], da mesma nação, da mesma lingua, e da mesma côr que os outros Ethiopes”, o que comprovaria a “antecipada diligencia com que os pretos se adiantaram a pregar a fé e veneração de Christo” (Vieira, 1948a, v. XII,p. 107).
Logo em seguida, indaga da religião dos próprios portugueses naqueles tempos bíblicos para responder:
O que se acha em pedras e inscripções antigas é que dedicaram templo a
Octaviano Augusto, templo a Trajano, e a todos os deuses [...]. E quando os portuguezes, sem se lhes fazerem as faces vermelhas na sua brancura, reconheciam divindade n’estes monstros da ambição e de todos os vícios, os pretos nos seus altares adoravam o verdadeiro Filho de Deus e a verdadeira mãe do mesmo Filho (Vieira, 1948a, v. XII, p. 108).
Depois, ao abordar o terceiro elemento,diz:
[...] só resta a ultima razão, ou sem razão, porque os senhores desprezam os escravos, que é a vileza e miseria da sua fortuna.
Oh fortuna! [...] Virá tempo, e não tardará muito, em que esta roda dê volta, e então se verá, qual é melhor fortuna, se a vil e desprezada dos escravos ou a nobre e honrada dos senhores (Vieira, 1948a, v.XII, p. 113).
Prosseguindo, buscou assemelhar a “fortuna” do negro à de Lázaro estabelecendo comparações históricas: “Digam-me os ricos quem foi este rico e os pobres quem foi este Lázaro? O rico foi o que são hoje os que se chamam senhores, e Lázaro foi o que são hoje os pobres escravos” (Vieira, 1948, v.XII, p. 114).
Mas, condenando as tiranias, lastimando a situação triste dos oprimidos, quando assim os consolava da desigualdade de sua condição, o fim do orador era incutir-lhes conformidade, tal como analisou J. Lúcio Azevedo (1931, t. 2, p. 285):
Nem ele podia condenar a escravidão. A isso o forçava a coerência, desde que sempre advogara se trouxessem escravos de África, para libertar os índios do obrigatório serviço. O Brasil tem o corpo na América e a alma na África, escrevera ele [...]
Sem negros não haveria trabalho: era o argumento da necessidade. O de que por esse meio se salvavam tantas almas ignorantes de Deus escondia-lhe o horror do acto injusto.
O mesmo raciocínio podia convir aos índios, mas esse não o admitia.
Mas observemos outros elementos da aculturação nos seus Sermões: “a gente preta tirada das brenhas da sua Ethyopia,e passada ao Brazil, conhecera bem quanto deve a Deus [...], por este que pode parecer desterro, captiveiro, e desgraça, e não é senão um milagre, e grande milagre!” (Vieira, 1945a, v. XI, p. 305). Já o XXVII Sermão nos põe em contato com uma retórica tocante sobre as duas partes do homem – corpo e alma – cuja finalidade era mostrar que só era escrava uma delas: “Sois captivos n’aquella metade exterior e mais vil de vós mesmos, que é o corpo; porém na outra metade interior e notabilissima que é a alma [...], não sois captivos, mas livres”.
Mas a liberdade, como se depreende de suas palavras, deveria tomar um único caminho:
o da conversão. Advertindo para o perigo de se “vender a alma ao demonio”, professava que a alma não convertida consistia em pior cativeiro que o do corpo, “e d’este captiveiro tão difficultoso, e tão temoroso e tão immenso é que eu vos prometto a carta de alforria pela devoção do Rosario da Mãe do mesmo Deus” (Vieira, 1948b, v. XII, p. 340-341 e 350).
Livres do maior e mais pesado cativeiro,que era o das almas, ainda permaneceriam escravos do corpo. Mas, nesse ponto,deparamo-nos com a argumentação mais impressionante tendente ao conformismo.
Admitindo ser “triste e miserável servir sem esperança de premio em toda a vida, e trabalhar sem esperança de descanço, senão na sepultura” afirma que nisto residia o “bom remedio” pregado pelo Apóstolo Paulo:
O remédio é que quando servis a vossos senhores, não os sirvaes como quem serve a homens, senão como quem serve a Deus [...]
porque Deus vos ha-de pagar o vosso trabalho” (Vieira, 1948b, v. XII, p. 358).
Mais adiante,evoca Pedro, que depois de falar com os cristãos em geral:
[...] se dilata mais com os escravos e os anima a supportarem a sua fortuna com toda a magestade de razões. [...] e logo ajunta as razões dignas de se darem aos mais nobres e generosos espiritos. Primeira: porque a gloria da paciencia é padecer sem culpa [...]
Segunda:
porque essa é a graça com que os homens se fazem mais aceitos a Deus
[...]. Terceira, e verdadeiramente estupenda:
porque n’esse estado em que Deus vos poz, é a vossa vocação semelhante á de seu Filho, o qual padeceu por nós, deixandovos
o exemplo, que haveis de imitar. [...]
Não compara a vocação dos escravos a outro grau, ou estado da Igreja, senão ao mesmo Christo. Mais ainda.
Não pára aqui o Apostolo; mas acrescenta outra nova e maior
prerrogativa dos escravos, declarando por quem padeceu Christo [...] A Paixão de Christo teve dois fins: o remedio e o exemplo.
O remedio foi univesal para todos nós,mas o exemplo não resta duvida . Pedro afirmar que foi particularmente para os escravos
[...] e porque? Porque nenhum estado há entre todos mais apparelhado no que naturalmente padece, para imitar a paciencia de Christo e seguir as pisadas de seu exemplo (Vieira, 1948b, v. XII, p. 359-360).
Conclui afirmando que os escravos não deveriam trabalhar de má vontade pois se nessa vida eles serviam aos senhores, acaso não seria uma mudança notável se na outra vida os senhores lhes servissem? Não, responde ele próprio. Isto seria muito pouco porque:
[...] esta grande mudança de fortuna que digo não há-de ser entre vós e elles, senão entre vós e Deus. Os que vos hão-de servir no céo não hão-de ser vossos senhores que muito pode ser que não vão lá: mas quem vos há-de servir no céo é o mesmo Deus em Pessoa. Deus é que vos ha-de servir no céo, porque vós o serviste na terra (Vieira, 1948b,v. XII, p. 362).
Com essa prédica, estaria trocada a fortuna dos escravos: cá servindo aos homens,e lá sendo servidos por Deus. Por essa razão, deveriam trocar o fim de seu trabalho, “fazendo-o de forçoso a voluntario, e servindo a vossos senhores como a Christo”(Vieira, 1948b, v. XII, p. 365-366).
Difícil encontrar justificativa tão conformista sobre a escravidão no Brasil! Mas notemos também que Vieira escolhe sutilmente as palavras e a ocasião para atingir os colonos escravistas quando assevera que não serão os senhores que servirão os escravos no céu porque “muito pode ser que não vão lá”. Cabe-nos indagar, porém, sobre o efeito desta possibilidade transcendental na soberba e na irracionalidade dos senhores.
Temeriam eles tal “ameaça”? Trocariam a sua condição de mando aqui na sociedade humana pela hipótese de ganhar o paraíso celestial? A resposta a história já no deu.
O texto é longo e esclarecedor, recomendo a leitura.  48





                                            Resultado de imagem para mapa cais do valongo

Voltando ao cais, no Valongo havia o mercado de escravos, um lazareto onde medicavam os negros que chegavam doentes e o cemitério dos pretos novos, assim chamado por ser o lugar onde eram "enterrados" os mortos recém chegados.

                    Imagem relacionada




Amnésias sociais (Carta Capital)
Em 1911, com as reformas urbanísticas da cidade comandadas pelo então prefeito Pereira Passos, o Cais da Imperatriz foi aterrado. Embora a sua localização estivesse demarcada por uma placa e um obelisco, foi somente durante as escavações realizadas em 2011, por ocasião das obras do Porto Maravilha, que os antigos resquícios do Cais da Imperatriz e do Valongo foram redescobertos.
"A arqueologia histórica tem por obrigação intervir naquilo que foi enterrado e deliberadamente ocultado, é um antídoto contra as chamadas amnésias sociais", afirma a arqueóloga Tania Andrade Lima, do Museu Nacional/UFRJ, que coordenou os trabalhos de escavação na região. "Trouxemos à luz o que se queria esconder, para que possamos reviver esse passado tenebroso, para que aprendamos a lidar com ele. É uma parte vergonhosa da nossa história, sem dúvida, mas esconder não é a melhor forma de lidar com ela. É preciso expor a violência praticada ali para estimularmos a reflexão sobre a perversão do racismo, num momento em que o preconceito recrudesce no mundo. O Valongo é uma denúncia do que a humanidade é capaz de fazer contra o outro, contra o diferente."
Por sugestão das Organizações dos Movimentos negros, o espaço foi transformado em monumento, aberto à visitação pública, passando a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, na região portuária, que inclui ainda o Cemitério dos Pretos Novos e a Pedra do Sal – onde, se acredita, o samba nasceu. 
A região ficou conhecida como "Pequena África".
"O tráfico e a escravidão africana demoraram séculos e ainda passam mais como um costume incômodo do que um genocídio. Era como se fosse um extermínio em massa de baixa intensidade", explica Líbano Soares. "Mas foi um extermínio."
             

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

PIV do Latifundio Brasil

s
Creio que o vídeo será auto explicativo, então depois de ver faça sua auto reflexão....deste latifundío.

terça-feira, 18 de julho de 2017

TerraNostra - Juriassica animação


            .
Esta animação junta-se a minha tentativa de aprimoramento na arte, o processo é lento e o "barato" é ''loco'', mas very very funny!!!!
O presente filme foi confeccionado nos equipamentos do FabLab Tiradentes, onde consigo bom suporte de infra estrutura.

sábado, 1 de julho de 2017

Tuareg treinando seu camelinho



Este exercicio faz parte dos meus estudos sobre o blender, ele foi realizado nos equipamentos do Fab-Lab Tiradentes

terça-feira, 20 de junho de 2017

die Blumen 1


s

Este pequeno exemplo foi realizado nos equipamentos do FabLab Tiradentes, onde frequento para consolidar meus conhecimentos sobre o software Blender.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Putzfraufliegen 1

                
Este pequeno vídeo foi produzido nos computadores do Fab-Lab Cidade Tiradentes, onde utilizo os equipamentos para melhorar meu conhecimento sobre o programa Blender. 

quinta-feira, 25 de maio de 2017

die Fall



c

Essa postagem foi elaborada no Blender para mandar uma mensagem subliminar e ao mesmo tempo explorar as possibilidades do software, estou tentando consolidar meu aprendizado.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Imagem 3D e o Virtual

                                    
No curso da evolução, alguns animais (inclusive o ser humano) passaram a apresentar olhos posicionados na frente da cabeça. Esses animais perderam o incrível campo visual de, praticamente, 360 graus, proporcionado pela posição lateral, e oposto dos olhos.
Por outro lado, eles adquiriram uma nova função: a visão binocular ou estereoscopia ("visão sólida" em
grego) [Fontoura, 2001].

Mesmo essa tecnologia sendo mais conhecida atualmente os seus estudos já despertam o interesse da humanidade desde o tempo dos gregos, onde o filosofo Euclides já havia despertado o interesse quanto à visão binocular.

Esses interesses não eram apenas dos gregos, os árabes desenvolveram técnicas de desenho e noções de perspectiva e até mesmo grandes estudiosos como Leonardo Da Vinci e Kepler e mestres como Giotto Caravaggi estudaram sobre ilusão de imagens e elementos que se projetavam de suas telas.


A base para a percepção estereoscópica é a disparidade binocular do sistema visual humano, que gera duas imagens ligeiramente diferentes quando uma cena é projetada nas retinas dos olhos. As duas perspectivas diferentes das imagens são fundidas no córtex visual do cérebro, de forma a compor uma simples visão estereoscópica (tridimensional). Esse processo pode ser simulado através de duas câmeras organizadas com a mesma distância interocular dos olhos humanos.
Logo, colocando-se as câmeras separadas uma da outra com base nessa distância, simula-se o sistema visual humano.
Quando cada imagem das câmeras for apresentada ao seu olho correspondente, as duas imagens serão fundidas em uma única imagem pelo cérebro, produzindo a ilusão de visão estereoscópica [Johanson, 2001].
As imagens assim formadas, são denominadas estereogramas e de acordo com Steven Pinker [...] Entender o estereograma não é apenas um bom modo de compreender o funcionamento da percepção, mas também um deleite para o intelecto. Os estereogramas são mais um exemplos dos maravilhosos dispositivos da seleção natural, nesse caso dentro de nossa cabeça.
Os auto-estereogramas exploram não uma, mas quatro descobertas sobre como enganar o olho.
A primeira, por estranho que pareça, é a imagem.
Estamos tão embotados com fotografias, desenhos, televisão e filmes de cinema que esquecemos que tudo isso não passa de uma ilusão benigna.
Manchas de tinta ou pontos bruxuleantes de fósforo podem nos fazer rir, chorar e até mesmo sentir excitação sexual.
Os humanos vêm produzindo imagens há pelo menos 30 mil anos e, contrariamente a um folclore da ciência social, a capacidade de vê-las como representação é universal”.(Como a mente funciona. Pinker.S, pág 230-231) 
Portanto, pode-se inferir que o homem no processo de desenvolvimento das formas de representação do mundo ao seu redor, criou a técnica do estereograma para entender e provocar excitações visuais
Mesmo essa tecnologia sendo mais conhecida atualmente os seus estudos já despertam o interesse da humanidade desde o tempo dos gregos, onde o filosofo Euclides já havia despertado o interesse quanto à visão binocular.
Esses interesses não eram apenas dos gregos, os árabes desenvolveram técnicas de desenho e noções de perspectiva e até mesmo grandes estudiosos como Leonardo Da Vinci e Kepler e
mestres como Giotto Caravaggi estudaram sobre ilusão de imagens e elementos que se projetavam de suas telas.
                                               The Epiphany - Giotto
                                                         The Epiphany
Os primeiro registros sobre estudos relacionados a essa tecnologia datam do séc.XIX, em 1838 onde o cientista Sir Charles Wheatstone criou o estereoscópio que é um dispositivo de conversão de imagens 2D em imagens 3D, a partir de uma certa combinação entre prismas e espelhos. Esse aparelho já demonstrou que era possível a partir da combinação de duas imagens para formar outra imagem com a noção de profundidade e tridimensionalidade.
Em 1849, o cientista escocês David Brewster, inventou a o estereoscópio com as lentes prismáticas.
Em 1850 Joseph D'Almeida inventou o anaglifo.
                 
                               
                                   
                                                           Sistema anaglífo

Esse sistema é o mais conhecido atualmente devido a sua simplicidade, onde o par estéreo é desenhado de duas cores diferente (vermelho e azul) e elas são separadas por óculos com as cores
correspondentes.
Esse sistema apenas foi patenteado nos anos de 1891, por  Louis Arthur Ducos du Hauron.
A estereoscopia está relacionada à capacidade de enxergar em três dimensões, isto é, de perceber a profundidade.
O princípio de funcionamento da maioria dos dispositivos estereoscópicos é o oferecimento de imagens distintas aos olhos esquerdo e direito do observador, proporcionando sensação de profundidade, tal qual quando se observa um objeto real.

Em 1859, o medico americano Dr. Oliver Wendell Holmes, ampliou a qualidade do estereoscópio utilizando copias fotográficas de pares estereoscópicos.
Em 1889, foi criado o primeiro filme em anaglifo foi produzido por William Frise Green.
O cinema 3D passou a ser um sucesso no inicio do sec. XX.
Podemos dizer que "um visor estereoscópico é um sistema óptico cujo componente final é o cérebro humano" [StereoGraphics 1997].
Em 1903 Frederic Eugene Ives, patenteou depois de estudos um método que permite a visão estereográfica sem a utilização de óculos, e esse sistema e nomeado como Parallax Stereogram, que se baseia em uma técnica que é constituída de imagens da esquerda e da direita divididas em tiras verticais e alinhados a partir de uma serie de filetes opacos alinhados verticalmente e com a mesma frequência e com fendas livres menores em larguras pelas quais as imagens eram visualizadas pelos olhos.
Óculos Obturadores Sincronizados
Esta técnica, também denominada Estéreo Ativo, o observador, ao visualizar a tela do computador ou televisor, deve utilizar óculos especiais, cujas lentes são feitas de cristal líquido.
As lentes podem ficar instantaneamente transparentes ou opacas de acordo com um controle eletrônico.
Esse controle é sincronizado com sinal de vídeo, de forma a deixar, por exemplo, opaca a lente da esquerda e transparente a da direita quando estiver sendo exibido, na tela, o quadro referente ao olho direito e vice-versa.
O sinal de vídeo deve apresentar, na seqüência, as imagens esquerda e direita em sincronismo. Como as taxas de atualização das imagens no vídeo são suficientemente rápidas (60Hz para cada olho), o resultado é que cada olho enxerga uma imagem diferente, resultando no efeito estereoscópico.
De forma alternativa, o sinal de vídeo pode ser entrelaçado (linhas pares mostram a imagem esquerda e linhas ímpares mostram a imagem direita), reduzindo o cintilamento da imagem. Existem hoje no mercado diversos óculos obturadores.
Os de custo mais elevado são controlados por um emissor de infravermelho que realiza a obturação das lentes dos óculos. A Figura  apresenta um exemplo de óculos obturadores de custo mais
elevado.

                                             
                     
                                                                                     
Aqueles de baixo custo têm seu controlador conectado ao microcomputador ou à fonte de vídeo e
permitem a visualização em estéreo no monitor de vídeo ou na televisão [Santos, 2000].
A Figura abaixo mostra um exemplo dos óculos obturadores de baixo custo.
                                                

Estéreo Passivo 
A primeira categoria abordada é o estéreo passivo. Nesta categoria, as duas imagens são exibidas simultaneamente e os óculos atuam como filtros.
O estéreo anáglifo (do inglês anaglyph) é o exemplo mais comum e muito usado nos cinemas antigamente. Neste estéreo, a filtragem é feita por cores, inicialmente na utilização desse estéreo, eram utilizadas apenas duas cores: vermelho e azul.
Isto é, a imagem para o olho esquerdo tinha apenas componente de cor vermelha e a imagem para o olho direito componente azul, como ilustrado na figura colocada no início.

Atualmente adicionou-se a componente verde para um dos olhos para melhorar a qualidade da imagem, pois era restrita apenas a dois canais de cores. Exemplo: de uma imagem com a componente verde adicionada é vista na figura abaixo

                                            

                            
                                     Estéreo anáglifo com a componente verde adicionada.
As vantagens desse tipo de estéreo são:
1. Necessita apenas um projetor ou monitor;
2. Pode ser impressa;
3. Baixo custo – os óculos são facilmente confeccionados.
A desvantagem principal é a perda de qualidade que a coloração impõe.
Uma solução alternativa é a filtragem por espectro de cores. Exemplo dessa alternativa é o ChromaDepthTM [Chromatek 2003]. Nessa solução, as lentes dos óculos refratam a luz conforme o espectro de cores.

Exemplo de imagem gerada para este tipo de estéreo é visto na figura abaixo.
                                       
                                                 
                                            Exemplo de imagem para estéreo por espectro de cor.
Porém, este modo de exibição apresenta o problema de estar vinculado a uma tabela de cor, conforme o gráfico abaixo: 
                            
 
Conforme mostra o gráfico, objetos ou partes que tenham cores quentes (próximas ao vermelho) estarão mais próximas do observador do que as cores frias (próximas ao azul), conforme pode-se notar na figura acima.

Isto impossibilita seu uso, por exemplo, em visualização científica, pois a tabela de cores é em função de propriedades existentes ao longo dos objetos da cena e não em função à distância do usuário.
Esta técnica funciona apenas para imagens estáticas – cenas e câmera sem alterações.
A vantagem é possibilidade de impressão.


Display Autoestereoscópico
Nos displays autoestereoscópicos, as visões esquerda e direita são multiplexadas espacialmente, permitindo ao observador visualizar uma imagem tridimensional sem a necessidade óculos especial. Cada imagem do par estéreo é "fatiada" e reside sobre as colunas pares e ímpares do monitor.
As fatias são, direcionados para o olho do observador por meio de uma película lenticular colocada na superfície do monitor (Figura 11.19) ou pelo cálculo de distância e posicionamento dos olhos do observador.
Maiores detalhes podem ser encontrados em Perlin (2000 e 2001) e em Dodgson (1998).
                                                 
                                   
                                               Figura - Display Autoestereoscópico.

Fundamentos estereoscópicos
Conforme citado anteriormente, existem diferenças entre imagens formadas nas retinas de cada olho quando sobrepostas. Estas diferenças são na direção horizontal.
A disparidade é zero para objetos onde os olhos convergem. Já a paralaxe é a distância entre os pontos correspondentes das imagens do olho direito e do esquerdo na imagem projetada na tela. Em outras palavras, disparidade e paralaxe são duas entidades similares, com a diferença que paralaxe é medida na tela do computador e disparidade, na retina. É a paralaxe que produz a disparidade, que por sua vez, produz o estéreo. Os três tipos básicos de paralaxe são:
• Paralaxe zero: conhecida como ZPS (do inglês Zero Paralax Setting). Um ponto com paralaxe zero se encontra no plano de projeção, tendo a mesma projeção para os dois olhos (Figura (a) ).

             


                                                               Figura a

• Paralaxe negativa: significa que o cruzamento dos raios de projeção para cada olho, encontra-se entre os olhos, e a tela de projeção, dando a sensação de o objeto estar saindo da tela (b).

                                             
   
                                                                  Figura b
• Paralaxe positiva: o cruzamento dos raios é atrás do plano de projeção, dando a sensação de que o objeto está atrás da tela de projeção (Figura (c) ).
                                               
                                                 


Figura c
Para a visualização das imagens de vídeo produzidos com o efeito estereoscópico, foi criado o sistema
TecStereoPlayer que é um tocador de vídeos com estereoscopia visual.  O TecStereoPlayer apenas exibe .
O desenvolvimento do TecStereoPlayer objetivou-se em suportar diversos formatos de vídeos estéreos [Lipton 1997] e exibir também em diversos dispositivos estéreos, transformando as imagens do vídeo quando necessário.
Os dispositivos suportados pelo TecStereoPlayer são:
• Placas gráficas com suporte ao OpenGL [OpenGL 2004] estéreo: neste caso, existem 4 buffers, chamados de QuadBuffer - dois para cada olho.
Os óculos podem ser ligados diretamente à placa através de fios, eliminando a presença do emissor.
Neste caso, geralmente, apenas um usuário pode utilizar o sistema por vez. Algumas placas suportam a utilização de emissores.
O TecStereoPlayer divide as imagens de cada imagem do vídeo para cada buffer de trás de cada olho. Depois de preencher os dois buffers traseiros, é realizado o SwapBuffers.
Os sistemas baseados em monitor fazem uso de monitores convencionais das estações de trabalho para a visualização dos ambientes virtuais. São considerados não imersivos porque o campo de visão do usuário (no ambiente virtual) é limitado às dimensões do monitor, que geralmente não passam de algumas dezenas de polegadas.
É possível obter a estereoscopia neste tipo de sistema através de óculos ativos ou dos monitores auto-estéreos, mencionados anteriormente.

Apesar das limitações no que diz respeito ao sentimento de imersão, este tipo de sistema traz pelo menos duas vantagens: o custo reduzido e a facilidade de interação, pois o usuário não perde contato com o mundo real, podendo usar os dispositivos convencionais de interação, como teclado, mouse e joystick.
       
                                  

                                       Monitor DTI – estéreo dispensando o uso de óculos.
Com o avanço da tecnologia, alguns monitores com display de cristal líquido estão permitindo a visualização estéreo sem uso de óculos, separando colunas pares para um olho e ímpares para o outro. O problema maior é a característica de ser mono usuário. Exemplo desses monitores é o fabricado pela DTI [DTI 2004], [About.com 2004]


Monitores autoestereoscópico: para estes monitores, como mencionado anteriormente, não é necessária a utilização de óculos.
O TecStereoPlayer destina cada imagem de cada olho para um dos seus formatos internos e, através de uma comunicação via saída serial, é passado ao monitor o formato utilizado.
• VRex: são projetores capazes de realizar estéreo ativo e passivo, não simultaneamente.
O formato exigido por este projetor é o entrelaçamento de colunas.
Isto é, a imagem destinada para o olho da esquerda é distribuída pelas colunas pares da imagem enviada ao projetor e a imagem destinada para o olho da direita pelas colunas impares.
Através de um equipamento ligado entre a placa de vídeo e o projetor, permite-se também a utilização do estéreo do OpenGL através de uma entrada de S-Video.
O TecStereoPlayer também reproduz na forma de anáglifos, permitindo a visualização com óculos com filtros de cores em qualquer display ou dispositivo de projeção.
Com o avanço progressivo da tecnologia relacionada à apresentação de imagens, adentramos na área da realidade virtual.
O termo Realidade Virtual (RV) foi cunhado no final da década de 1980 por Jaron Lernier (Biocca, 1995) artista e cientista da computação que conseguiu unir dois conceitos contrários entre si, em um novo e promissor conceito, com capacidade de fazer a captação da essência dessa tecnologia, que é a busca do amálgama entre o real e o virtual.

No entanto, foi muito antes da denominação definitiva que surgiram as primeiras propostas e os primeiros resultados que alicerçaram a Realidade Virtual. Na década de 1960, logo após criar o Sketchpad, sistema com  o qual fincou as base do que conhecemos como computação gráfica, IvanSutherland passou a trabalhar no que chamou de “Ultimate Display”.(Parker, 2001) e produziu no final da década de 1960, o
                                     
 primeiro capacete de realidade virtual. 
Realidade Virtual
Os sistemas parcialmente imersivos provêem um sentimento de imersão maior que os sistemas baseados em monitor.
Isso é alcançado por meio de sistemas de projeção compostos por uma ou mais telas de projeção ou vários monitores agrupados.
Como a área de projeção é maior que nos sistemas não imersivos, a imersão do usuário é maior e é
possível a participação de um número maior de pessoas.
Por outro lado, a maior área de projeção leva a uma exigência maior de desempenho das máquinas, pois quanto mais imerso está o usuário, maior é o desconforto causado por atraso na resposta do sistema. Tanto por causa das várias projeções utilizadas quanto por causa da necessidade de máquinas mais sofisticadas, esse tipo de sistema já é bem mais caro que os não imersivos.
Em sistemas parcialmente imersivos o usuário começa sair do mundo real em direção ao virtual. 
Assim, dispositivos de interação diferentes de teclado e mouse podem ser necessários.

Os sistemas de RV imersivos são aqueles que envolvem completamente o usuário, fazendo com que ele perca o contato visual com o mundo real. Capacetes e CAVEs [Cruz- Neira et al. 1993]
Com relação à estereoscopia, ela deve ser tratada com cuidado em todos os tipos de sistemas acima mencionados, para que ela não comprometa a imersão.
Nos sistemas baseados em monitor e nos parcialmente imersivos, a existência de uma área de projeção limitada pode causar a perda do estéreo caso os objetos cruzem a borda da tela.
Nos sistemas imersivos e parcialmente imersivos, a violação da estereoscopia também pode ocorrer quando os objetos virtuais aparecem muito próximos do usuário (entre sua mão e a tela e projeção). Nesse caso, a informação da estereoscopia indica que o objeto deveria encobrir a mão do usuário, mas na verdade é a mão que encobre o objeto, projetado na tela.
Isso gera uma informação contraditória de profundidade, que não consegue ser tratada pelo cérebro.

Dispositivos de Entrada

Uma das conseqüências do advento da RV foi a necessidade de se redefinir o paradigma de interface homem-computador. O sistema tradicional mouse-teclado-monitor foi substituído por dispositivos que permitissem maior imersão do usuário no ambiente virtual e o manuseio de todas as potencialidades dessa nova tecnologia [Silva et al. 2004].
Os dispositivos de entrada podem ser classificados em três tipos [Sherman e Craig 2003]: controladores físicos, de rastreamento de corpo e de reconhecimento de voz e som.
Os controladores físicos variam desde simples joysticks até complexos sistemas de simulação para aplicações específicas (por exemplo, um simulador de cabine de avião).
Esses dispositivos podem fornecer três tipos de informação para o sistema de RV: analógica, digital e posicional.
A informação analógica é gerada continuamente por um dispositivo, como por exemplo, o sinal enviado por um joystick quando sua haste é movimentada.
A informação digital é binária, como por exemplo, a gerada ao apertar um botão do joystick.
A informação posicional é obtida através dos dados vindos do dispositivo ou da conversão da
informação analógica.
O resultado é composto por três coordenadas de translação e pelos três ângulos de Euler, ou por um quatérnio [Foley et al. 1993].

                                                  
                                                Rotação usando ângulo de Euler

Há uma variedade de dispositivos de rastreamento, que utilizam várias tecnologias diferentes, entre eles, os eletromagnéticos, mecânicos, acústicos, inerciais e ópticos.
Os dispositivos ópticos normalmente usam técnicas de visão computacional para determinar a posição do objeto a partir da imagem obtida com câmera(s) de vídeo.
Outro equipamento óptico bastante utilizado é o composto por emissores de luz, como os diodos
(LEDs) ou laser.
Esse tipo de dispositivo tem como vantagem o baixo custo e a mobilidade que dá ao usuário (não possui fio).
A desvantagem é a velocidade de captura dependente do dispositivo utilizado (câmeras NTSC, por exemplo, capturam imagens a 30 quadros por segundo) e a precisão relativamente baixa (muito dependente da técnica de visão utilizada).
Uma outra restrição é que o objeto sendo rastreado deve sempre estar dentro do campo de visão da câmera.
Para reduzir essa limitação, são usadas câmeras adicionais, de modo a tentar ter objeto sempre dentro do campo de visão de pelo menos duas delas. 
                 
A figura ilustra o local preparado com quatro câmeras emissoras de infra-vermelho para capturar a posição de um dispositivo óptico sobre a mesa.
O dispositivo é recoberto com material retro-reflexivo, para retornar o sinal infravermelho na direção de cada câmera.
Como existem quatro câmeras, o sistema funciona enquanto o dispositivo é visto por duas ou mais
câmeras [Silva 2004].

Realidade Aumentada
A Realidade Aumentada (RA) é vista como uma variação da RV. Em RV, o usuário é imerso em um ambiente sintético e não participa do mundo real a sua volta.
A RA permite que o usuário veja o mundo real com objetos virtuais superpostos ou combinados com ele. Portanto, a RA suplementa a realidade, ao invés de substituí-la completamente.
Para o usuário, os objetos reais e os virtuais coexistem no mesmo espaço. A Figura  mostra um
  


exemplo característico de RA onde objetos reais e virtuais compõem um ambiente, com as
informações virtuais se sobrepondo ao mundo real.
A possibilidade de combinar representações virtuais com o mundo real permite dar ao usuário informações adicionais sobre o mundo real que não podem ser obtidas pelos sentidos humanos. As aplicações possíveis para a RA envolvem, por exemplo o concerto de componentes internos de um sistema mecânico, cujas informações de manutenção são virtualmente mostradas sobre as peças a serem reparadas.
Na medicina, a RA também pode ser bastante útil, ao indicar, por exemplo, onde o cirurgião deve fazer a incisão em um paciente [Sherman e Craig 2003].
Os militares também têm empregado a RA no intuito de prover à tropa informações vitais sobre seus arredores.
Obviamente, a RA também tem grande potencial na educação e entretenimento.

Em um sistema de RA, a combinação da imagem real com a virtual pode ser feita por duas tecnologias: óptica e de vídeo [Rolland et al. 1994]
Os dispositivos mais empregados são os visores montados sobre a cabeça do usuário, sejam capacetes, monóculos ou outros.
Chamaremos, de forma genérica, esses dispositivos de capacete de RA. O sistema de RA deve alinhar os objetos virtuais com os reais Esse processo chama-se registro e é um dos problemas mais difíceis de se resolver em RA [Azuma 1997].
Tele-presença e Tele-imersão
Tele-presença ou tele-imersão é outro conceito freqüentemente associado à RV colaborativa.
Tele-presença envolve a habilidade de interagir (normalmente via computador) com um ambiente real remoto pelo ponto de vista do dispositivo remoto [Sherman e Craig 2003].

Esta tecnologia é ideal para o controle de robôs em ambientes hostis ou de difícil acesso para o homem (por exemplo, outros planetas, fundo do mar e interior de vulcões).
O usuário deve ser capaz de manipular o robô como se estivesse no ambiente remoto.
Outra aplicação da tele-imersão é a realização de cirurgias sem a presença física do cirurgião junto ao doente.
A tele-imersão está associada ao espectro de RV porque ela tem como objetivo fazer com que o usuário se sinta fisicamente presente em um ambiente remoto.
A presença é simulada ao usuário através de sistemas de feedback sensorial: transmissão de imagens, som e sensação táctil, de maneira similar a RV e RA.
Além disso, para interagir com o ambiente remoto, a tele-imersão necessita de sistemas para rastrear os movimentos do usuário, assim como em RV.
Portanto, a tele-imersão pode ser definida como uma combinação de técnicas de RV imersiva (rastreamento de movimentos e feedback sensorial) e de transmissão de imagens em tempo-real.
Um conceito muito próximo da tele-imersão é o de tele-operação.
Em ambos os casos, o usuário quer interagir com um ambiente remoto por meio de um dispositivo.
A diferença, é que na tele-operação, o usuário não tem a visão de primeira pessoa, isto é, a visão do dispositivo remoto (robô, por exemplo).
Tele-operação ocorre, por exemplo, ao pilotarmos um aeromodelo via equipamento de rádio.
Para termos tele-imersão nesse caso, seria necessária a transmissão de uma câmera na cabine do aeroplano para que o piloto (no chão) receba o que seria a visão do piloto.
Destarte, abro um parágrafo para inserir um trecho do livro “Muito além do nosso Eu” do Dr° Miguel Nicolelis pág 254-255 [...] “Na sala de controle, Jose Carmela passou o controle dos movimentos do cursor do joystick para o pulso do braço robótico controlado pela nossa interface cérebro-máquina. Isso implicou que, dali por diante, para mover aquele cursor na tela, interceptar o alvo, apreende-lo e receber, como recompensa, a tão almejada gota de suco de fruta, Aurora (a macaca do experimento), tinha apenas uma opção. Nem o joystick, nem mesmo os movimentos de eu braço biológico seriam mais capazes de realizar a tarefa. Agora, a única maneira de alcançar seu objetivo era operar aquela interface cérebro-máquina. 
Somente com o pensamento!
[...] Aurora visava criar movimentos dos membros superiores com base na atividade elétrica cerebral. Aurora teria agora de imaginar os movimentos de seu braço e mão, de modo que o braço robótico, seu único meio de controlar  os movimentos do cursor, pudesse realizar a tarefa motora necessária para a intersecção do alvo e o recebimento da recompensa. Seus pensamentos seriam agora o guia seguro para aquele braço robótico  que tinha por missão, no lugar de seus próprios músculos, de mover o cursor até a posição ocupada pelo alvo. Como o alvo era um objeto virtual, ela precisava evocar um braço tocando uma esfera que na realidade só existia em sua imaginação.”
  Bem, para finalizar esta pequena incursão pelo mundo das imagens, vou apelar para o trecho da contra capa do mesmo livro, onde esta escrito assim, pelo autor “sentado na varanda de sua casa de praia, de frente para seu oceano favorito, você um dia poderá conversar com uma multidão, fisicamente localizada em qualquer parte do planeta, por meio de uma nova versão da internet (“a brainet”), sem a necessidade de digitar ou pronunciar uma única palavra. 
Nenhuma contração muscular envolvida. Somente através do seu pensamento”.
Veja transmissão cerebral entre ratos...creio que falta pouco...
http://www.telegraph.co.uk/science/science-news/9899906/Scientists-create-telepathic-connection.html

mehmetsimsek.net/.../Augments-Essential-Guide-to-Augmented-R...