segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Porquê "pesamos" tanto..?


          

Certas coisas acontecem de formas inesperadas, e pode ser até em frente a uma prateleira de produtos industrializados.
Deixem - me situar melhor, estava perambulando entre os corredores de um estabelecimento comercial, e enquanto avaliava o preço de um pacote de aveia, foi-me perguntado por um casal (já com alguma idade), como que se consumia o produto e se tinha efeitos benéficos sobre  a saúde...!!!..??
Solicitamente, falei sobre algumas propriedades nutricionais que lembrei, e a forma de consumir o produto, por exemplo, com frutas, mingau ou sucos. 
E então, veio-me a idéia de tentar explanar algo relacionado à obesidade e seus malefícios, e mesmo não sendo um profundo conhecedor do assunto, mas, adepto da linha de pensamento de Rudyard Kipling que prega
 " Tenho seis regras que me ensinaram tudo o que sei: O quê?, Porquê?, Quando?, Como?, Onde?, e Quem?", e assim, comecei a pesquisar sobre o assunto, e o resultado divido com quem se dispuser a ler o que segue.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade pode ser conceituada como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no organismo que pode levar a um comprometimento da  saúde.

Isso porque essa condição corporal pode promover o desenvolvimento de diversas doenças  no ser humano, dentre elas, podemos destacar: diabetes mellitus do tipo II e disfunções  cardiovasculares, que são, atualmente, as principais causas de morte no Brasil.
                        

Além disso, o sujeito  obeso tem alta probabilidade de desenvolver vários distúrbios de ordem psico-social, tais como: depressão, transtornos de ansiedade e alteração de imagem corporal.

Todas essas consequências,atribuídas e associadas ao excesso de gordura corporal, fazem com que a obesidade, na sociedade  contemporânea, seja considerado um grave problema de saúde pública.
[AS CAUSAS DA OBESIDADE: UMA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA MATERIALISTA HISTÓRICA 

As doenças e agravos não transmissíveis vêm aumentando e, no Brasil, são a principal causa de óbitos em adultos, sendo a obesidade um dos fatores de maior risco para o adoecimento neste grupo.

            

A prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são importantes aspectos para a promoção da saúde e redução de morbimortalidade, não só por ser um fator de risco importante para outras doenças, mas também por interferir na duração e qualidade de vida, e ainda ter implicações diretas na aceitação social dos indivíduos quando excluídos da estética difundida pela sociedade contemporânea.

A globalização, o consumismo, a necessidade de prazeres rápidos e respostas imediatas contribuem para o aparecimento da obesidade como uma questão social. 
A obesidade envolve uma complexa relação entre corpo-saúde-alimento e sociedade, uma vez que os grupos têm diferentes inserções sociais e concepções diversas sobre estes temas, que variam com a história.Cadernos de Atenção Básica - n.º 12 Série A. Normas e Manuais Técnicos ;  2006 ] 

Enfatizando o aspecto socio-cultural do indivíduo segue:
"A causa não está na consciência, mas na vida; a causa não está na evolução e na conduta empírica do indivíduo que, por sua vez, dependem das condições universais. 
Se as circunstâncias em que este indivíduo evoluiu só lhe permitem um desenvolvimento unilateral, de uma qualidade em detrimento das outras, este indivíduo só conseguirá alcançar um desenvolvimento unilateral e mutilado."[ 8MARX, K.; ENGELS, F. Textos sobre educação e ensino. 2. ed. São Paulo: MORAES, 199 ]

Aibda com base em [AS CAUSAS DA OBESIDADE: UMA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA MATERIALISTA HISTÓRICA ], coloco abaixo o seguinte texto:

"Na busca de identificar o que a literatura científica vem apontando acerca das causas da obesidade, fizemos um levantamento de artigos científicos referentes ao tema, indexados pelo Google Acadêmico e Scielo, publicados no período de 2005 a 2010, tendo em vista que estes indexadores são bastante utilizados para a pesquisa de artigos científicos referentes à obesidade.

Fatores causadores de obesidade 75 artigos pesquisados

Sedentarismo e alimentação inadequada - -82,66 %
Fatores genéticos---------------------------------         30,6 %
Nível socioeconômico---------------------- ------          30,6 %
Fatores psicológicos ------------------------ - ---      21,3 %
Fatores demográficos -------------------------- -----------16%
Nível de escolaridade -------------------------- --------- 5%
Desmame precoce -------------------------------- -----------   5%
Ter pais obesos --------------------------------------------     3%
Estresse ---------------------------------------------------------      2%
Fumo/Álcool ------------------------------------------------         1%

SOBRE O SEDENTARISMO E ALIMENTAÇÃO INADEQUADA COMO FATORES  CAUSADORES DA OBESIDADE

Fisiologicamente, a obesidade é uma condição corporal caracterizada pelo excesso de tecido  adiposo no organismo.

Já é de consenso na literatura que a obesidade trata-se de uma doença resultante de um desequilíbrio nutricional provocado por um balanço energético positivo que se dá, por sua vez, na medida em que o sujeito ingere mais energia do que é capaz de gastar. 
Assim, tem se um acúmulo de energia que, por ação do hormônio insulina, é convertida a gordura.

De acordo com Cavalcanti, Dias e Costa [Estudos de Psicologia, Natal, v. 10, n. 1, p. 121-129, 2005.], o aumento da obesidade está tradicionalmente associado com a fartura de alimentos, a mudanças na composição dietética

                       

da população ocidental e ao acesso barateado às farinhas e gorduras.

A esse respeito, é importante considerar que, com vistas a aumentar a lucratividade, as empresas que produzem alimentos industrializados vêm fazendo combinações de gordura, açúcar e sal que são "hiper-palatáveis".

Na verdade, os produtores tentam encontrar um ponto em que as pessoas comam certo produto e fiquem com vontade de comê-lo mais vezes.

 Assim, salgadinhos, doces e refeições prontas podem ter o mesmo efeito sobre o cérebro que o tabaco.
[ SOUZA, S.Obesidade e consumo de alimentos no Brasil:]

E, com isso, a ingestão de nutrientes inadequados à saúde se torna cada vez mais frequente.

Do exposto acima, é possível concluir que alguns alimentos são propositalmente "viciantes", , no caso das crianças, isso é moralmente correto?.

E, com isso, a ingestão de nutrientes inadequados à saúde se torna cada vez mais frequente.
E, também, arrisco-me perguntar, se as rações para animais tivessem os mesmos efeitos danosos como certos alimentos, já não teria surgido um movimento em defesa dos mesmos ?. E porquê, para as crianças não ?... Como já disse o príncipe Hamlet .." Há  algo de podre no reino....


Dados apresentados pela Rede Interagencial de Informações para a Saúde RIPSA, indicaram que no  Brasil, no ano de 2008, 56.263.735 pessoas sobreviviam com menos de meio salário mínimo  mensal, cerca de R$ 255,00, havendo uma predominância de residentes na região norte.

Nesse  sentido, ainda de acordo com dados fornecidos pela RIPSA , a participação diária per capita das  calorias de frutas, verduras e legumes no total de calorias da dieta da população da região norte do  Brasil, era de 1,7%, em contrapartida, na região sul, a participação era de 2,7% no total de calorias  consumidas, o que ainda é pouco.
A análise destes dados evidencia, então, a existência de uma forte
relação entre a renda mensal e o consumo de frutas, verduras e legumes, consumo este,  negativamente relacionado ao ganho de massa adiposa.

ALMEIDA, NASCIMENTO E QUAIOTI [ALMEIDA S. S., NASCIMENTO P.C.B.D., QUAIOTI T.C.B. Quantidade e Qualidade  de Produtos Alimentícios Anunciados na TV Brasileira. Revista de Saúde Pública. v. 36. n. 3. São Paulo, 2002. Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sciarttext&pid=S003489102002000300016>. Acesso em: 28 jan. 2008.],

Realizaram estudo relativos à “quantidade e qualidade de produtos alimentícios anunciados na televisão brasileira”. 
Analisando a programação de três redes de TV de canal aberto, apresentaram os seguintes dados:
Dos 1.395 anúncios de produtos alimentícios veiculados, 57,8% estão no


              

grupo da pirâmide alimentar representados por gorduras, óleos, açúcares e doces. 
O segundo maior grupo foi representado por pães, cereais, arroz e massas (21,2%), seguido pelo grupo de leites, queijos e iogurtes (11,7%) e o grupo de carnes, ovos e leguminosas (9,3%). 
Há completa ausência de frutas e vegetais. A pirâmide construída a partir da freqüência de veiculação de alimentos na TV difere significativamente da pirâmide considerada ideal.

 Há, na realidade, uma completa inversão, com quase 60% dos  produtos representados pelo grupo de gorduras, óleos e doces e uma conseqüente redução do grupo pão, cereais, arroz e massas, além da ausência de frutas e vegetais.

Neste sentido, consideram que a exposição das crianças à tais propagandas, aliadas a fatores sedentários, por conta inclusive, do tempo gasto assistindo à esta mídia, cerca de 5 horas diárias, promovem hábitos de vida que contribuem para aumento da prevalência de obesidade.

            

Em estudo realizado por SOTELO, COLUGNATI e TADDEI6, citando MUST, os pesquisadores mencionam que:
A obesidade na infância e adolescência tende a continuar na fase adulta, se não for convenientemente controlada, levando ao aumento da morbimortalidade e diminuição da expectativa de vida. 
Desta forma, a detecção precoce de crianças com maior risco para o desenvolvimento de obesidade, juntamente com a tomada de medidas para controlar este problema, faz com que o prognóstico seja mais favorável a longo prazo.
Quanto maior a idade e maior o excesso de peso, mais difícil será a reversão da obesidade em função dos hábitos alimentares incorporados e alterações metabólicas instaladas.
Portanto, tratando-se de crianças, pode-se concluir que as dinâmicas ludo pedagógicas são essenciais na promoção de bons hábitos alimentares.


 
As crianças aprenderam mais facilmente por meio de brincadeiras, sobretudo quando o assunto de alimentação saudável, inclui o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras, e a diminuição do consumo de doces, frituras etc. 
Sendo assim, os escolares passaram a ter maior contato com os alimentos mais rejeitados (verduras, frutas e legumes) e aprenderam sobre a importância do consumo de cada grupo alimentar (BERNART; ZANARDO, 2011).
E, na mesma linha (RAMOS & STEIN, 2000 29)
A infância é o período de formação dos hábitos alimentares. 

O entendimento dos fatores determinantes possibilita a elaboração de processos educativos, que são efetivos para mudanças no padrão alimentar das crianças . 
Tais mudanças irão contribuir no comportamento alimentar na vida adulta (BISSOLI & LANZILLOTTI, 1997/10).
 

Neofobia
 
A transição da dieta láctea da primeira infância para a alimentação da família requer que a criança aprenda a aceitar pelo menos alguns dos novos alimentos oferecidos a ela. 
A relutância em consumir novos alimentos recebe o nome de neofobia
Muitos dos alimentos que as crianças rejeitam inicialmente terminarão sendo aceitos se a criança tiver ampla oportunidade de provar os alimentos em condições favoráveis (BIRCH, 1999b 7).


A aprendizagem é fator importante na aceitação dos novos alimentos, e está cientificamente provado que existe relação direta entre a freqüência das exposições e a preferência pelo alimento (EUCLYDES, 2000b 15). 
A exposição repetida à prova de alimentos não familiares é uma estratégia promissora para promover preferências e prevenir rejeições alimentares por crianças (WARDLE, et al, 2003 39).

 
São necessárias de 5 a 10 exposições a um novo alimento para se ver um aumento na preferência pelo mesmo (BIRCH, 1999).


Um estudo foi realizado para se determinar se experiências alimentares nos primeiros dois anos de vida influenciam na variedade de consumo alimentar por crianças em idade escolar.
Os resultados revelaram que a variedade de vegetais consumidos por crianças em idade escolar foram preditos pelas preferências por vegetais das mães, enquanto o consumo de frutas se relacionou à variedade de frutas no período de introdução da alimentação complementar. 
A educação nutricional passada pelas mães deveria enfatizar a importância 


                        

da experiência da alimentação nos primeiros dois anos de vida, para favorecer a aceitação de variedades de vegetais e frutas na idade escolar (SKINNER, et al, 2002 18).

 Uma farmácia colorida 
 
Sabe-se que pelo conteúdo antioxidante, as frutas e hortaliças podem proteger as células contra danos oxidativos e inibir a sintése de substancias inflamatórias(Wynn et al, 2010)


          

Além disso, são alinemtos ricos em fibras e possuem baixa densidade energética aumentando a saciedade (efeito manifestado após o término da alimentação) e a saciação (efeito que determina a finalização da refeição) quando ingeridas ( Barreto et al,2005).

Deste modo, são responsáveis pela proteção contra diversas doenças dentre as quais se destacam osteoporose (Wynn et al, 2010), cancer gástrico (Bastos et al, 2009), doenças neurodegenerativas e declinios relacionados à idade (Joseph et al, 2009), hipertensão (Alonso et al, 2004), doenças cardiovasculares (Voutilainen et al, 2006), linfomas (Zhang et al, 2000), diabetes tipo II (van Dam et al, 2002) e obesidade (Tamers et al, 2009).


A fim de prevenir as doenças crônicas não transmissíveis, a OMS recomenda o consumo mínimo de 400g de frutas e hortaliças diariamente (WHO 2003).
Programas de incentivo ao consumo desses alimentos foram elaborados principalmente em países desenvolvidos, sendo denominados programas " Five A Day" em que são recomendadas 5 porções de frutas e hortaliças diariamente (WHO 2003).
No Brasil, foi desenvolvido um guia alimentar que recomenda o consumo mínimo de 6 porções ao dia (Brasil, 2006).
No entanto, apesar das recomendações a população não consome as quantidades adequadas de frutas e hortaliças   


SOBRE OS FATORES GENÉTICOS, FISIOLÓGICOS E HEREDITÁRIOS COMO CAUSADORES DA OBESIDADE

Grande ênfase se dá também aos fatores de ordem genética no desenvolvimento da obesidade.
Alguns autores se referem à questão genética da obesidade como "herança familiar''
Indica-se que a correlação entre sobrepeso dos pais e de filhos é grande e decorre do compartilhamen to da hereditariedade e a do meio-ambiente.

Ainda sobre a influência genética no desenvolvimento da obesidade, sabe-se que os fatores  hormonais e neurais, que influenciam os sinais de curto e longo prazo relacionados à saciedade e à regulação do peso corporal normal, são determinados geneticamente.

Defeitos na expressão e na interação desses fatores podem contribuir para o aumento do peso corporal. 
Há evidências, também, que fatores genéticos podem influenciar o gasto energético, principalmente, a taxa metabólica basal (TMB).
Alguns estudos têm mostrado a ação do hormônio leptina no desenvolvimento da obesidade, visto que a leptina atua na redução do consumo alimentar e no aumento do gasto energético.

Apesar de pessoas obesas apresentarem níveis elevados de leptina, a falha pode estar em seu receptor ou ocorrer por diminuição na sensibilidade do organismo aos efeitos da leptina.
Outras desordens endócrinas como o hipotireoidismo e problemas no hipotálamo, alterações no  metabolismo de corticosteróides, hipogonadismo em homens e ovariectomia em mulheres,  síndrome de Cushing e síndrome dos ovários policísticos podem ainda conduzir à obesidade.

Os aspectos genéticos, fisiológicos e hereditários abordados aqui são apenas uma pequena parcela  da variedade desses aspectos que podem estar relacionados com a etiologia da obesidade e que merecem atenção dos pesquisadores para que haja a elucidação dos vários mecanismos pelos
 

quais  eles influenciam no desenvolvimento dessa patologia.

Porém,uma crítica se faz,  na limitação à análise desses aspectos no processo de desenvolvimento da obesidade, deixando, por vezes, à margem, aspectos determinantes de natureza social, referentes  à dinâmica e funcionamento da sociedade capitalista.
Sobre essa realidade, mais evidente nos dias atuais, faz-se importante considerarmos os escritos de  Leontiev.

Esse autor afirma que o desenvolvimento humano fez e faz com que cada vez mais as  leis sócio-históricas interfiram nas mudanças fisiológicas do homem, ao invés das leis biológicas.
Assim, a partir da hominização, cada vez mais, o que age sobre o homem são suas condições sóciohistóricas.
              

Portanto, o que provoca as diferenças entre os homens, como, por exemplo, a condição  corporal obesa e não obesa, são as desigualdades sociais provocadas pelas sociedades de classes,  uma vez que os homens, diferentemente dos animais, não são biologicamente determinados.

Isto não significa que não somos seres biológicos, mas que as relações sociais onde estamos inseridos interferem de forma decisiva na nossa condição biológica. 
Sobre essa questão, podemos destacar o seguinte trecho escrito por Marx e Engels:

[...] a sociedade burguesa, por ser baseada numa forma de exploração do homem pelo homem que mistifica as relações sociais, também oculta a sua verdadeira natureza. 
transformar as relações sociais em relações entre coisas, faz com que essas relações apareçam como se fossem naturais (p. 9-10).

É certo que os seres humanos nascem com certa predisposição genética para desenvolver certas doenças. 
É importante considerarmos, no entanto, que o que vai determinar o desenvolvimento ou não destas doenças, são os determinantes sociais, materiais e concretos, inclusive no que diz  respeito a ter ou não acesso aos melhores tratamentos e às melhores formas de prevenção de doenças.

SOBRE OS FATORES PSICOLÓGICOS, ESTRESSE, FUMO E ÁLCOOL
COMO CAUSADORES DA OBESIDADE
 
Também se destacam na literatura os fatores de ordem psicológica e psíquica, sendo estes, na maioria das vezes, ligados a questões comportamentais que resultam, por fim, na falta de adaptação social do sujeito e, conseqüente, desenvolvimento de transtornos psicológicos.

Dentre estes fatores psicológicos apontados como relacionados com o desenvolvimento de obesidade, podemos citar: a baixa auto-estima, a ansiedade e a depressão.
A esse respeito, é importante tratarmos da questão do trabalho em nossa sociedade. 
De acordo com Netto e Braz, a divisão social do trabalho faz com que a própria ação do homem se torne para este um poder alienado e a ele oposto, que o subjuga, em vez de ser ele a dominá-la. 
Assim que o trabalho começa a ser distribuído, cada homem tem uma atividade determinada e exclusiva que lhe é imposta e a qual não pode sair se não quiser perder seus meios de subsistência. 
E essa fixação da atividade social, segundo os autores, "escapa ao nosso controle, contraria as nossas expectativas e aniquila os nossos cálculos".

E isso tem forte relação com o estresse, promotor de problemas de ordem psíquica e psicológica, como ansiedade e depressão, importantes desencadeadores da obesidade.

No trato dos fatores psicológicos e psíquicos da obesidade, também é fundamental apresentarmos os escritos de Navarro.

A autora, ao analisar a relação entre o trabalho, saúde e tempo livre dos
trabalhadores na sociedade capitalista, afirma que o contexto da precarização do trabalho propiciou o crescimento da incidência, entre os trabalhadores, de doenças como a depressão, a síndrome do pânico, o estresse, fumo, alcoolismo, dentre outros transtornos que apresentam comprovada relação com as precárias condições de trabalho. 

                       

Ainda de acordo com Navarro:

A análise da equação trabalho/saúde/tempo livre nos dias atuais passa, pois, pela compreensão da lógica que rege a intensificação do trabalho na sociedade capitalista contemporânea.

Lógica esta que desemprega, extingue empregos formais e cria toda sorte de trabalhos precários; lógica que produz tecnologias altamente sofisticadas que permitem o aumento nos ganhos de produtividade, diminuição do tempo necessário para a produção e, ao mesmo tempo, amplia a jornada de trabalho e intensifica a utilização de horas extras em prejuízo da saúde e do tempo livre das pessoas. (p. 56)

Como exemplo dos efeitos desta lógica que rege a intensificação do trabalho na sociedade capitalista, pode verificar que a taxa de desemprego no Brasil vem aumentando: enquanto no ano 2000 o Brasil tinha uma taxa de desemprego de 7.5%, em 2008, o Brasil contava com uma taxa de desemprego de 7.9%.
 
De acordo com dados do IBGE, nosso país fechou o ano de 2009 com uma taxa de 8,1%, marcando um progressivo crescimento no número de desempregados no Brasil.
Além desse quadro de precarização do trabalho e aumento do desemprego, não podemos deixar de destacar o papel da mídia no desenvolvimento da obesidade. 
Esta, de acordo com Wanderley e Ferreira, impõe ideal de saúde e beleza, difunde conselhos dietéticos, estéticos, esportivos, eróticos e psicológicos, e ainda, impõe um padrão idealizado e homogêneo de beleza, pouco provável de ser alcançado. 
Tal realidade pode contribuir de forma significativa para os aspectos psicológicos e psíquicos envolvidos na gênese da obesidade.

                             
Os indivíduos com excesso de peso e obesidade sofrem com vários problemas causados pela situação ora apresentada, preconceito e discriminação, são um desses problemas e, porque não dizer, um dos mais difíceis de serem enfrentados. 
“Diante da fome e da desnutrição, o sentimento é de pena e mobilização comunitária, mas diante da obesidade, o sentimento é de desprezo e de segregação social” (VIUNINSKI, Nataniel. Epideomologia da Obesidade e Síndrome Plurimetabólica na Infância e Adolescência. In: DÂMASO, A. (Coord.). Obesidade. Rio de Janeiro: Medsi, 2003. p. 16-
30.).
Em artigo, baseado em revisão de bibliografia que trata do tema, os médicos psiquiatras, SEGAL, CARDEAL e CORDÁS, ao citarem LAURENT-JACCARD & VANNOTTI e MORE et al., argumentam que:
Pessoas obesas são alvo de preconceito e discriminação em importantes países industrializados.

      
Isto pode ser observado nas mais variadas e corriqueiras situações, como programas de televisão, revistas e piadas. 
Além ou por causa disso, são pessoas que cursam um menor número de anos na escola, que têm menor chance de serem aceitas em escolas e, posteriormente em empregos mais concorridos, que têm salários mais baixos, que têm menor chance de estarem envolvidas num relacionamento afetivo estável.[Aspectos psicossociais e psiquiátricos da  obesidade.
Revista de Psiquiatria Clínica, v.29, n.2, São Paulo. Disponível em: htttp://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol29/n2/81.html.>. Acesso em: 16 set. 2007.]

           
Pensando em estimular ações no âmbito escolar, o documento “Parâmetros  Curriculares Nacionais (PCNs)”, tratando da questão da saúde como um tema transversal, enfatiza que seja possível e necessário que o tema “transite” por todos os componentes curriculares (BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental.
Parâmetro Curriculares Nacionais: meio ambiente e saúde. Brasília, 1997.  128p.). 
   O texto do PCN coloca a obesidade, além da desnutrição e as anemias, como uma questão a ser discutida pela escola e destaca em sua redação o seguinte :
A alimentação inadequada apresenta-se como o principal problema e, portanto, a pesquisa em alimentos ricos em nutrientes e a necessidade de se adotar um cardápio equilibrado e compatível com as possibilidades oferecidas pelas particularidades de cada realidade são formas acessíveis ao trabalho da escola no sentido de prevenir a desnutrição e as anemias.

                               
Por outro lado, a obesidade é hoje um problema de saúde de grandes proporções com elevada prevalência entre jovens de diferentes grupos sociais.
O consumo excessivo de açúcar, especialmente entre as crianças é destacado como um hábito alimentar a ser transformado, não se justificando o grau de consumo (em todo o país) por necessidades calóricas e sim por fatores culturais, o que causa prejuízos amplamente comprovados, particularmente à saúde bucal, contribuindo também para a obesidade precoce.

A associação que se faz com freqüência de que uma criança “gorda” é uma


                                           

criança bem alimentada deve ser reconsiderada, uma vez que as anemias e a obesidade não são mutuamente excludentes e esta última é um importante fator de risco para doenças crônico-degenerativas (como hipertensão arterial, diabetes e problemas cardiovasculares), cada vez mais importantes entre brasileiros de todas as classes sociais.

Professor de Educação Física da Rede Estadual de São Paulo, Diretoria Regional de Ensino de São Carlos; aluno do II Curso de Especialização em Educação Física Escolar do DEFMH/UFSCar.
2 Professora Adjunta do Curso de Especialização em Educação Física Escolar do DEFMH/UFSCar.

           

Destarte, só posso dizer, coma mais frutas faça um pouco de atividade fisíca e siga o que está escrito abaixo..!!
               
           

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