segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Exibir para Existir - Vamos dar Vassouradas

                    
Sempre que navego (veja que usei navegar e não derivar)buscando fatos que acrescente algo aos meus parcos conhecimentos, preocupo-me com o tema e tento apresentá-lo à partir de um ponto de vista pessoal acrescido de inserções de textos de autores que dominem de forma inconteste os assuntos abordados. Para quando, expô-los neste espaço não causem torpor na mente de lê e talvez,assim, capturar um pouco do precioso tempo do leitor. Nesta postagem vou ousar colocar algumas reflexões, que estão atormentando-me e são relacionadas, à vários episódios - sem considerar os fatos históricos - de discriminação e preconceito mostrados como notícia, porém, não na forma de crítica indignada com a qual uma sociedade mestiça e minimamente solidária com os seus cidadãos, deveria agir, abrindo desta forma, espaços para reflexão sobre os valores relacionados à pessoa humana, escrevo isto porque notando que há tantas casas de oração (igrejas , templos etc..),
                               
                              
clínicas e comércio de ração para pets, "spas" com psicólogos etc...coloquei-me na pele de um marciano desatento recém-chegado ao planeta Terra e pensei, vendo por essa perspectiva ele diria : " Puxa esses humanos são extremamente humanos".  Entretanto, ao olhar as formas de conduta e apresentação da sociedade notadamente a brasileira pelos meios de comunicação de massa, notadamente de publicidade pela televisão que adentra todos os lares de forma indiscriminada, perceberá o motivo que gera minhas atormentadas reflexões, que estão relacionadas ao fato de a maioria de população(vocẽ já prestou atenção ?)índios, negros e mestiços não aparecem nos enfoques das citadas mídia o que acarreta seu desaparecimento nos espaços públicos de trabalho como shoppings, lojas de departamentos, livrarias, restaurantes etc...(devo ressaltar que algumas marcas de refrigerantes internacional e nacional e bancos governamentais parecem que estão mudando de paradigma - 10/02/2016)
                    
Paradoxalmente,por ironia temos o denominado maior espetáculo da terra,
                                    Resultado de imagem para desfile de carnaval
que é o carnaval onde é mostrada toda a parte excluída com toda a pompa e exuberância que Chico Buarque de Hollanda descreveu assim:
     Vai passar
     Palmas prá alla dos napoleões retintos
     E os pigmeus do Boulevard.
     Meu Deus vem olhar
     Vem ver de perto uma cidade a cantar
     A evolução da liberdade ...........

                     
com os significados apreendidos das estrofes e o reforço das palavras de Plínio Marcos “Um povo que não ama e não preserva suas formas de expressão mais autênticas, jamais será um povo livre", e leituras de livros que tratam e analisam seriamente os aspectos mesquinhos da discriminação no Brasil e de fatos relacionados à sua origem. Cito como exemplo os livros " A tolice da inteligência Brasileira" de Jessé de Souza (inseri um trecho mais adiante) "O trato dos Viventes" de Luis Felipe de Alencastro já citado em outras postagens entre outros que ajudaram-me a criar um Anschanuung(conceito,idéia) que se acenturam com informações que obtive em livros que versavam sobre teoria de comunicação de massa que mostram as estratégias utilizadas como por exemplo: anúncios que ressaltam qualidades de produtos nem sempre comprovadas, filmes mostrando ângulos que beneficiam paisagens em propagandas imobiliárias ressaltando os play-grounds e os ditos "espaços gourmet" seja lá o que isso significa.

Mas, como escrevi acima, a maioria não aparece e quando sim, está sempre em situações desfavoráveis ou o ângulo escolhido é para reforçar der Armut (pobreza, indulgência) repare as imagens que mostram as periferias das cidades, sempre em ângulos abertos, foco nas falhas estruturais das construções para acentuar a penúria, contrariamente nos bairros de melhor infra- estrutura as tomadas são feitas de forma cuidadosa para realçar os melhores aspectos, sim é a sociedade do espetáculo como conforme já disse Guy Debord.
Sociedade que torno a frisar, exclui de onde interessa e inclui para exacerbar os aspectos negativos. Como já citei, as minhas atormentadas reflexões pedem que eu grite contra o que considero uma atroz perversidade contra a maioria humilde com a conivẽncia cínica da classe que se considera privilegiada, mas como escreve Jessé de Souza na sua análise da obra do antropólogo Roberto DaMatta  " Quando DaMatta diz que o Brasil é o "país do jeitinho", ou seja, de acesso as relações pessoais poderosas que compõem o "capital social", na verdade está escondendo a questão principal para a crítica de qualquer sociedade moderna concreta, que é o desvelamento dos mecanismos que eternizam o acesso privilegiado de alguns grupos e classes aos capitais impessoais, seja ele econômico ou cultural. Se o próprio acesso a relações pessoais poderosas pressupõe o acesso aos capitais impossoais, são estes que devem ser primariamente estudados na sua lógica quando a questão é compreender a hierarquia social e sua dinâmica " profunda", como pretende DaMatta.  A questão aqui, seria perceber por que as classes do "espírito", as classes médias verdadeiras que se apropriam de capital cultural por meio de privilégios  nunca tematizados em abordagens conservadoras, são percebidas como superiores ás classes do "corpo", que possuem incorporação mínima de capital cultural. São os capitais impessoais, com o capital cultural e sua apropriação por meio de privilégios injustos que se eternizam no tempo, que  condenam a desclassificação social e à miséria tantos
                                   
brasileiros que se tornam obrigados a vender a força de trabalho por preço pífio.
                                   
A classe média verdadeira se apropria  de capital cultural valorizado ao "comprar" o tempo de estudo dos filhos que podem, ao contrário das classes populares, se dedicar apenas ao estudo.
Esse tempo precioso, por sua vez é literalmente "roubado" dos nossos excluídos, que faxinam, fazem a comida e cuidam das casas de classe média, poupando-lhe tempo precioso que pode ser reinvestido a fim de reproduzir de modo ainda mais profundo seus privilégios de nascimento.
A classe média também é explorada sem disso se dar conta.  Temos aqui preços exorbitantes, pagos especialmente pela classe média verdadeira, para serviços de quinta categoria, como nossa telefonia celular. Nossa taxa de lucro e juros é das maiores do mundo e representa uma forma selvagem de acumulação capitalista. (A tolice da inteligência Brasileira - ou como o país se deixa manipular pela elite - pág 86-87) (imagens inseridas pelo blog)
Chega a ser perverso ter o espaço da cozinha desde o tempo colonial ocupado pela classe do "corpo"
                                 
e no espaço publico, ou seja, restaurantes e espaços de gastronomia requintada não haver presença representativa da mesma.
No entanto, para não ficar apenas gritando, vou colocar a saga de uma pessoa da qual tenho um prazer imenso de desfrutar da amizade, que é da escritora Claudia Canto que conheci por intermédio de um amigo comum infelizmente já falecido. Quando a conheci, ela já havia publicado seu livro de título "Morte ás Vassouras", o qual li de pronto e também pude

                                        
                                                                                               
escutar em viva voz suas experiências de "moreninha" em Portugal na casa dos burgueses embolorados onde ele trabalhou e que causou nela a centelha de indignação que a inspirou em sua obra. Sei que sua batalha para tornar seu trabalho foi e é árduo, exatamente por ser ela da classe do "corpo" como seu livro narra e sua experiência atesta. Para qualquer mente lúcida, fica claro, que se ela pertencesse a classe do "espírito" o que ela colhe agora merecidamente através da apresentação de seu trabalho internacionalmente Dr CLARKE, MARGARET ANNE - PhD (Liverpool) Brazilian Studies-- ,teria acontecido de forma natural e menos sofrida, pois qualidade não lhe falta.
                                                        
Destarde, aproveito este exemplo da saga da minha querida Claudia Canto para provocar todos os que são e sentem-se excluídos para gritar: "Morte à vassouras!" e jogar para dentro do esgoto os resquícios de uma sociedade atrasada que adota padrões colonialistas para funcionar.
Para a Claudia? vida longa , sucessos e agradecimentos pelo paradigma que certamente impulsionará a maioria. 
Só para descontrair e provocar vamos de outro filho da terra, que é o inigualável Gonzaguinha com a música
 Feijão Maravilha   Resultado de imagem para grão de feijão pretoo preto que satisfaz....!!!!

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